Lições que Deus Ensinou a Moisés e a Nós Também
INTRODUÇÃO
Um livro pode ser o fruto de uma inspiração literária, isso é próprio de poetas e escritores, esse não é meu caso, longe de mim me igualar aos grandes mestres da literatura. Um livro pode ser também o fruto de prolongada e exaustiva pesquisa, de muitas noites sem dormir, de árduo trabalho e infatigável pesquisa e reflexão sobre o assunto. Este último se assemelha mais a meu caso. Durante trinta e cinco anos me dediquei ao estudo dos assuntos que neste livro são tratados. E se há alguma fonte de inspiração, essa fonte é única, é a Bíblia, a Palavra de Deus Eterno.
Os capítulos que compõem este livro são temas na forma de Reflexões Bíblicas. Temas que giram em torno de uma relação, ou melhor, muito mais do que uma simples relação, e um assunto que trata da comunhão entre um homem e o seu Deus – O Todo Poderoso El Shadai, um homem que após quarenta anos soube compreender a vontade do Pai Eterno e fazer dessa vontade um modelo de vida. Um homem que viveu sob a dependência do Senhor e acabou sua carreira como vencedor. Mas também, e quem sabe, o mais importante dessa comunhão mútua foi a descoberta da forma como Deus trata com aqueles que se dispõem a ser líderes de um povo. Portanto, este livro trata de liderança comprometida com a vontade de Deus.
A maior necessidade do mundo atual é a de pessoas comprometidas com uma liderança que não se impõe, mas que se conquista, e hoje sabemos que o líder que impõe sua autoridade só ganha inimigo, mas os líderes capacitados, líderes espirituais, e acima de tudo, líderes que sabem identificar a vontade de Deus para eles e para seus liderados são pessoas amadas. Finalmente, este livro é também dedicado a todos aqueles que desejam conhecer melhor a forma como El Shadai – O Todo Poderoso nos surpreende quando procura transformar ouro bruto, cheio de escória em ouro puro.
Desejamos que as páginas deste livro sejam de descoberta espiritual, que encontre nelas o padrão de uma comunhão que ensina o caminho a seguir, páginas que orientem para identificar a revelação bíblica que ensinou a Moisés lições importantes, e a nós também. Quem sabe o que foi acima expressado é a maior motivação para escrever estas poucas páginas.
Capítulo 1 - O Chamado
A vida de Moisés é sem dúvida, entre muitas outras biografias bíblicas, a mais rica em lições espirituais. A forma como Deus trabalhou na vida desse grande líder do passado, pode também nos ensinar a forma como Deus pode tratar com nossa própria vida.
Desde o livramento e preservação da vida ao nascer, quando o povo de Israel enfrentava uma crise; sua educação na corte de Faraó, até sua morte no monte, são vislumbres de como Deus trata com seus eleitos.
A maioria dos biógrafos bíblicos concorda numa questão, o ponto culminante na vida de Moisés é o seu chamado, por essa razão, iniciamos refletindo sobre as lições que Deus ensinou a Moisés quando o chamou para a liderança de Israel.
Nenhuma ovelha (Leitura: Êxodo 3.1).
Você já se sentiu solitário, no abandono, desalentado e frustrado, sem expectativas para o futuro? Moisés estava assim! Não eram quarenta dias, eram quarenta anos! E esses anos se alastravam um após outro e nada mudava, um ano após outro Moisés continuava cuidando das ovelhas que não eram dele. Se nos acreditamos que Moisés foi o autor de Êxodo, então, ele faz questão de deixar para a posteridade o registro de que ele era pastor, um pastor sem ovelhas, elas eram de Jetro, seu sogro. Ele era um pastor que não tinha rebanho. O que ele não sabia era que Deus lhe daria não um rebanho, mas um povo.
Quantas vezes, no deserto de nossa vida, contemplamos à nossa volta e não vemos outra coisa senão as pedras do deserto, e sentimos apenas o sol escaldante da solidão e o desespero de não encontrar uma saída. Os anos se passam um após outro e a visão não muda, os sonhos não se realizam, a noite do deserto cai sobre nós como um manto fechado e escuro. A depressão começa a tomar conta de nossa vida. Então o desalento, o desânimo e a frustração invadem a alma como uma tormenta de areia no deserto, vemos tudo em preto e branco, a vida perde sua razão de ser e não entoamos mais as velhas canções que alegravam o coração. Quando você contempla com tristeza, e com os olhos anuviados pelo choro, que aqueles que diziam ser seus amigos lhe dão as costas, e não mais olham para você da mesma forma, isso por causa de seus fracassos na vida, então está na hora de aprender junto com Moisés!
A visão do Eterno (Leitura: Êxodo 3.2-5)
No deserto, Deus deu a Moisés uma visão! E ele viu! O que ele viu mudou sua vida! Você precisa ter essa nova visão com relação a Deus, deve saber que o Todo Poderoso não está preocupado com sua história para mudar a sua vida!
Se Deus se preocupasse com a história de Moisés, Ele teria visto que esse homem era um assassino procurado pela justiça do Egito, ele tinha matado um cidadão desse país e fugido para o deserto. Se Deus se preocupasse com o sucesso de alguém, veria que Moisés era um fracasso como empreendedor, ele não tinha conseguido nem uma ovelha sequer para começar seu próprio rebanho, isso em quarenta anos. Se Deus olhasse para nós como o mundo moderno escolhe seus líderes, o Pai Eterno veria que um homem de oitenta anos está velho demais para começar alguma coisa. Moisés tinha ultrapassado a terceira idade! Por que Deus não procurou um jovem no vigor e entusiasmo dos vinte anos? Sabe por quê? Porque o Todo Poderoso nos surpreende!
Quando o Senhor mostrou para Moisés a visão da sarça, Ele estava desejando lhe ensinar, e a nós também, ensinar a lição de que nada para o Senhor está dentro do que muitas vezes nos parece “normal”. Normal seria a sarça se queimar até virar cinza. Mas os milagres que transformam vidas estão marcados pelas surpresas do Senhor. É dessa forma que Ele nos surpreende.
Pensemos um momento:
Se Moisés apresentasse seu currículo para o pastorado de uma igreja moderna, seria ele aceito? Com 80 anos? Sem recursos, nem uma ovelha sequer? Assassino fugitivo? Com dificuldades para falar? Sem eloqüência? -- Vamos perguntar a opinião da esposa. O que ela diria de seu marido: “Certamente me és um esposo sanguinário” (Êxodo 4.25-26). Até a esposa achava que Moisés era sanguinário!
O que tinha Moisés? Nada! Ele tinha apenas uma velha ferramenta de trabalho, sem valor nenhum, uma velha vara de pastor. Muitas vezes nós esperamos ter grandes coisas para oferecer ao Senhor. Esperamos ter talentos, educação, dinheiro, e por ai vai... O mundo de hoje escolhe jovens talentosos; o Eterno escolhe os idosos solitários. O mundo apela para a barganha: O que você pode dar em troca? O mundo espera que você seja alguém na vida. Deus escolhe àquele que perdeu a esperança na vida e o torna alguém. O mundo tem seus padrões, valores e a forma de medir as pessoas que lhe serão úteis para lhe oferecer uma oportunidade. Deus nos oferece uma oportunidade para crescer com Ele. Ele simplesmente nos surpreende!
Deixe-se surpreender por Ele! Se aproxime da sarça e veja! Este pode ser o dia em que o Senhor fará você pisar em lugar santo. O dia de tirar as sandálias de seus pés e se aproximar do Todo Poderoso que está na sarça. Veja o fogo do Senhor aquecendo seu coração, enquanto está lendo estas palavras, deixe-se aquecer e abandone todo seu passado de deserto e solidão, anos de fracasso ficarão para trás. Veja a sarça, veja o fogo, avance para a oportunidade que Deus está colocando a sua frente.
Quem eu sou? O que eu tenho? Por que tenho esperado tantos anos? Ainda essas são suas perguntas? Esqueça! O Todo Poderoso é Aquele que não olha para quem você foi ou ainda é. Não! Não, O Amoroso Pai, pelo contrário olha para ver em você o líder que pode ser! Não tem ovelhas? Ele lhe dará um povo! Você tem apenas uma velha ferramenta? Deus poderá usar ela para abrir o mar e libertar o povo.
Em certa oportunidade um homem solitário, desalentado e triste, pensando que Deus o tinha abandonado, sentou-se à beira da praia, de fronte de um muro, e falou: “Pai, eu acreditarei em ti se novamente abrires este mar na minha frente, da mesma forma como aconteceu no deserto. Eu voltarei a ter esperança se derrubares novamente este muro, como aconteceu em Jericó e se agora fizeres chover como aconteceu com Elias”.
E o homem esperou, e esperou, esperou pela resposta do Senhor.
E o Todo Poderoso respondeu para o homem. Deus lhe abriu não o mar, mas muitas oportunidades de crescer. Derrubou não o muro, mas derrubou as muralhas de impedimentos que atrapalhavam a vida do homem. O Criador fez chover, não água sobre a cabeça do homem, mas choveu bênçãos e mais bênçãos sobre a vida dele.
O homem esperava, e continuou a esperar, depois de dois meses, foi de novo até a beira da praia, sentou-se na areia de frente para o muro, e mais desalentado ainda, levantou os olhos para o céu e perguntou: “O Senhor ficou surdo, que não ouves minha oração?”.
E o Senhor respondeu: “E tu estás cego?” – Eu abri o mar, derrubei o muro e fiz chover! Mas, não tens conseguido enxergar!
Uma nova visão! Precisamos olhar mais para a sarça de oportunidades e ver como o Senhor trabalha em nossa vida. Este é o dia de pisar em lugar santo.
Capítulo 2 - Correndo no Deserto
Já sabemos que Moisés pastoreava as ovelhas de Jetro, seu sogro, ele não tinha ovelhas, Moisés tinha apenas aquela velha vara que servia de cajado.
O Senhor novamente o surpreende – O diálogo que também nos surpreende se encontra em Êxodo 4.1-4.
“Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu”. Êxodo 4.1.
Uma desculpa coerente? Talvez! Moisés estava pensando nas possibilidades. Como ele iria chegar ao Egito, reunir o povo e disser que após tantos anos de silêncio de Deus. O Senhor tinha voltado a falar? E falar justo a um homem solitário, em pleno deserto? Iria o povo acreditar? Foi então, em razão dessas possibilidades que Moisés argumentou com o Senhor. É lógica a argumentação de Moisés? O povo acreditaria num homem velho, homem que muitos não conheciam? O Povo deveria acreditar que aquele desconhecido, de oitenta anos, tinha falado com Deus!
Veja a dificuldade de Moisés, para a maioria do povo ele era um desconhecido, e quem se lembrava dele, talvez o lembrasse como o assassino do egípcio. Agora ele deveria chegar diante do povo e disser que Deus falou com ele, e ainda para complicar ele deveria disser que o povo deveria abandonar o Egito e sair para uma terra que o Senhor mostraria. Como poderia o povo acreditar? Se tivesse acontecido nos dias de hoje, o povo diria para Moisés que ele tomou muito sol na cabeça e ficou louco!
“Não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu” – Ainda estas palavras é o eco de muitas outras desculpas de homens e mulheres que não reconhecem seu chamado divino, essa é a desculpa daqueles que duvidam que Deus possa abrir caminhos no deserto e destruir exércitos de inimigos. Pensamentos de dúvidas, argumentos vazios, palavras ao vento, que não fazem sentido nenhum para o Senhor, pois, quando Ele, que é o Todo Poderoso, Ele que é El Shadai, chama alguém, também o capacita para o cumprimento da missão.
O que Moisés aprendeu? Que mesmo que todos duvidassem, ele deveria ter a plena e absoluta certeza de que Deus o tinha enviado.
Como o Senhor surpreende Moisés e faz com que todos esses pensamentos e argumentos sejam derrubados? Com uma simples pergunta, Moisés esperava do Senhor uma resposta completa, cheia de argumentos para convencer o povo a sair da escravidão, talvez Moisés esperasse um “Manual de Libertação”, mas não, o Senhor responde com cinco palavras em forma de pergunta:
“... Que isso na tua mão?”. Êxodo 4.2
O Senhor disse para Moisés olhar para a mão, para contemplar com atenção o que ele tinha! E com essa pergunta, Deus desejava que Moisés tomasse consciência de uma realidade inicial. Ele era pastor, tinha na sua mão calejada uma rama de árvore na forma de um cajado, era a velha vara, sua ferramenta de trabalho. A única coisa que era verdadeiramente dele. As ovelhas eram de seu sogro.
Deus levou Moisés a reconhecer a sua incapacidade como líder e a reconhecer que toda a capacitação vem do Eterno. O mistério antecede a revelação e a revelação antecede a capacitação. Por quê? Porque a revelação é o reconhecimento que o Senhor está na solução dos problemas – Ali, em pleno deserto, ao pé do monte Horebe, Moisés reconhece que tinha um problema, na mão só tinha uma vara de pastor, um velho e gastado cajado, só isso e mais nada, ele tinha um problema, não se sentia capaz – O Senhor tinha a solução.
O Evangelho em três versículos.
Uma leitura atenta de Êxodo 4.2-4 com certeza nos surpreende, pela forma como o Senhor trata com seus servos.
Nada.
O Senhor primeiro perguntou: “Que isso na tua mão?”. Com está pergunta Ele está como que perguntando pelas habilidades que Moisés possuía. Pelas ferramentas que Moisés dispunha. E Moisés tinha apenas uma velha vara, um galho de árvore que tinha sido moldado para servir de cajado e assim cuidar das ovelhas. Moisés tinha só isso! Uma vara, mais nada! Lembremos que as ovelhas eram de seu sogro.
Então Deus lhe pede: “lança-a na terra”. Quando Moisés lançou a vara no chão, com que ficou? Com nada! Sem vara, sem ferramentas humanas, sem cajado, sem ovelhas, nada. O Senhor desejava que seu servo tivesse a compreensão de que ele não era capaz, que Moisés não tinha nada, e se ainda achava que tinha alguma coisa, então deveria lançar por terra. Quando o Criador exalta seus servos, Ele exalta os humildes e não os soberbos, nem os enfatuados que se acham ricos e poderosos, que diz em seu coração, rico sou e abastado e de nada tenho falta (Apocalipse 3.17). Nada, esse é o início de uma carreira vitoriosa no ministério, se sentir completamente na dependência do Senhor, isso é fé, fé e
jogar nossas ferramentas humanas pelo chão, lançar por terra nossos recursos e habilidades e transformar tudo isso em recursos divinos a serviço do Pai Celestial.
Transformando Recursos Humanos em Recursos Divinos
O que aconteceu com a vara ao tocar no chão? A narrativa explica: “Se tornou em cobra” (verso 3).
Moisés tinha passado quarenta anos no deserto e conhecia todos os tipos de cobras. Quando viu aquela: Cauda curta, cabeça chata, ele reconheceu o perigo e não pensou duas vezes, começou a correr. Sua Bíblia (e a minha também) diz que “Moisés fugia dela” (verso 3). E como se foge de uma cobra venosa? Correndo! Moisés corria pelo deserto, pois sabia do perigo, a serpente era venenosa, uma mordida seria fatal. Se a cobra fosse uma minhoca inofensiva, sua Bíblia não diria que Moisés fugia dela. Moisés corria porque não desejava morrer envenenado!
Agora o Senhor surpreende Moisés, com uma ordem inusitada. Deus pede para Moisés morrer envenenado! E isso que está escrito na Bíblia? O Senhor ordenou a Moisés para ele morrer pela mordida da cobra? Sim! Não explicado em detalhes, mas pelas implicações, veja a seguir.
Em uma oportunidade eu viajei para Mato Grosso do Norte e conheci umas pessoas que tinham como profissão ser caçadores de cobras. Eles eram pessoas contratadas pelas companhias madeireiras para entrar no mato e matar ou caçar tudo tipo de animal perigoso que pudesse colocar em risco a equipe de trabalhadores.
Eu perguntei a um deles o que aconteceria se eu pegasse uma cobra pela cauda.
Não pastor! Foi a imediata resposta de nosso amigo. Jamais pode pegar uma cobra pela cauda, pois a cabeça se vira e morde você no braço, no rosto, e sua mordida é fatal.
Então ele explicou como se pega uma cobra: Quando pegamos uma serpente nós encurralamos a cobra, primeiro com esta ferramenta parecida com um grande garfo cumprido e de maneira, seguramos o bicho contra o chão e logo a seguir temos que segurar ela pela cabeça, pois temos que segurar a cabeça para manter os dentes longe de nós. Há uma enorme e fatal diferença entre pegar uma cobra pela cauda ou pela cabeça.
Agora você deve acreditar no Senhor, e no que Ele ordenou a Moisés, afinal de contas, quem escreve a narrativa foi o próprio Patriarca.
Veja agora na sua Bíblia o pedido ou ordem do Senhor: “estende tua mão e pega-a pela cauda” (verso 4).
Imaginando a cena.
Moisés corria da cobra, ela era venenosa, não se corre e nem se foge de uma serpente inofensiva. Em meio à correria Moisés escuta a ordem do Senhor: “Pega a cobra pela cauda”.
Senhor, pegar a cobra pela cauda?
Sim pela cauda!
Veja que a até aqui Moisés não sabia o que nós agora nós sabemos, que a cobra se transformaria em vara de novo. Ele não sabia. Ele apenas escutou a surpreendente ordem do Senhor. E agora?
Será que Moisés tinha escolha? Sim, ele poderia continuar correndo ou obedecer a Deus, por mais absurda que possa parecer essa ordem divina. Moisés não sabia o que iria acontecer ao pegar a cobra pela cauda? Sabia sim! Ele sabia que a morte era certa, pois a cabeça da serpente se viraria e fatalmente o morderia. Continuar correndo ou obedecer ao Senhor?
Ali no deserto, um homem de oitenta anos corria desesperadamente para não perder sua vida e o Senhor lhe ordena parar, e morrer! Morrer envenenado! Absurdo?
Parece absurdo, mas pense bem, que era Deus que falava com Moisés, e o velho Moisés não pensou duas vezes, sua decisão foi obedecer, sua escolha foi ouvir e fazer a vontade do Senhor, por mais absurda que possa parecer.
Moisés parou, esperou a cobra chegar perto, deu um pulo e pegou ela pela cauda, talvez ele até fechasse os olhos e esperou a mordida. Mas aconteceu o milagre! A cobra se transformou em vara novamente, Moisés sentiu em sua mão o corpo mole da serpente ficar rijo como a rama de árvore que lhe servia de cajado. O milagre tinha acontecido, e sabe por quê? Por que o mistério antecede à revelação. O Todo Poderoso devolveu a vida a Moisés, o homem estava disposto a morrer em obediência, para Moisés era mais valiosa a obediência de que sua própria vida.
Por que o Evangelho em três versículos? Porque o evangelho é uma troca de vida, damos nossa vida poluída pelo pecado em troca da vida de Cristo. Ele nos deu vida e vida em abundância, uma vida plena em troca de nossa morte (“um morreu por todos, logo; todos morreram” - 2ª Coríntios 5.14). Paulo se expressa corretamente quando disse: “estou morto, não vivo mais, Cristo vive em mim” (Gálatas 2.20). O “velho homem” está morto, e somos uma nova criatura (Colossenses 3:9). “Se o grão de trigo não morrer, fica ele só, mas se morrer da muito fruto” (João 12.24). Jesus diz para Nicodemos: “É necessário nascer de novo” (João 3.3).
O que Moisés fez foi um ato de fé. É fé em toda a Bíblia, de princípio a fim. E aqui encontramos o evangelho da fé que leva a obediência. É a doutrina da justificação pela fé ensinada na vida de um homem que se tornou líder em Israel.
Um texto surpreendente.
Quando mais para frente lemos em nossa Bíblia, logo após esse encontro de Moisés com Deus, encontramos uma surpresa. “Tomou, pois Moisés sua mulher e seus filhos, e os levou sobre um jumento, e tornou à terra do Egito; e Moisés tomou a vara de Deus na sua mão”. Êxodo 4.20. Foi neste momento, que Moisés volta para o Egito, para cumprir com a missão divina de libertar o povo, ele volta com o seu velho cajado, mas a narrativa é uma surpresa após a outra, temos o registro de que a vara não era mais a mesma.
Guarde isto em sua mente. A vara que Moisés lançou na terra, era a vara de Moisés, apenas uma velha ferramenta de trabalho, que servia para pastorear o rebanho de seu sogro. Porém, o texto da Bíblia esclarece muito bem que a que ele agora levava para o Egito era a “vara de Deus”. Uma ferramenta na mão de um homem para pastorear um povo.
Esse cajado era um símbolo de sua própria vida.
Um cajado comum, uma vara de pastor transformada em vara do Senhor, agora, um instrumento na mão de Moisés para libertar o povo da escravidão do Egito. Quando Paulo explica o Evangelho da Graça do Senhor (Atos 20:24), nos ensina que a Justificação começa com a morte, uma morte figurada como um símbolo da entrega da vida poluída pelo pecado. Da mesma forma como Moisés esteve disposto a pegar a cobra pela cauda, a morrer pela mordida da cobra. O símbolo de uma vida transformada é perfeito, veja.
Sabemos que a conseqüência do pecado foi a morte, e a serpente no Jardim teve culpa ao enganar a Eva, serpente e morte estão relacionadas, o homem vive, acha que vive, mas vive porque nasceu da carne (João 1.13), todavia, viver apenas na carne natural, como homem natural (1ª Coríntios 2.14), não resolve o problema do pecado. É necessário um “morrer” e um “ressuscitar”. Para herdar a vida eterna é necessário “morrer” e “ressuscitar”, primeiro de forma espiritual e depois, por ocasião da inauguração do Reino da Glória, na Segunda Vinda de Cristo, ressuscitar de forma física, isso se você já estiver descansando na sepultura em Cristo, mas se você estiver vivo ainda, então acontecerá a transformação. Vamos juntos ler atentamente Romanos 6.4-7 e compreender esta verdade.
“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que; como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado”.
Desejamos levar sua atenção para o verso 7: “porquanto quem morreu está justificado do pecado”. Isto torna necessário destacar que Paulo está falando em Justificação pela Fé. --- Todavia preste bastante atenção na forma da frase: está justificado, Paulo NÃO diz estará justificado, como se fosse alguma coisa futura, mas, ele explica dizendo que quem está morto está justificado, portanto, é uma experiência de transformação imediata. De pecador a justificado.
Pela fé morremos para o velho o homem e nascemos justificados como um novo homem, todas as coisas passadas ficam para trás e tudo se faz novo. Nascemos de novo, como filhos do Eterno e herdeiros de Seu Reino. Se o pecado pode ter o símbolo de uma serpente, a cobra do deserto simbolizava o pecado e suas conseqüências, a morte, mas se o homem morre, então está justificado do pecado. E Paulo explica como se processa essa “morte” – Junto com Cristo, pois, se “um morreu por todos, logo; todos morreram” - 2ª Coríntios 5.14. Pela fé Moisés pegou a cobra pela cauda, fecho os olhos e esperou a morte, ele esteve disposto a morrer, mas o Senhor lhe devolve uma outra vida, no símbolo de uma outra vara, um outro cajado.
Um homem comum, um pastor sem ovelhas, sem rebanho, sem futuro, transformado em líder de um povo. Assim acontece com quem compreende e aceita a Justificação pela Fé. Uma transformação de morte para vida. Todo o passado fica no passado, esquecido e perdoado, nada mais há para lembrar, desse momento em diante você é uma “nova criatura” – Como pode, então, certas religiões ficarem remoendo a vida passada de uma pessoa que nasceu de novo?
Podemos até fazer uma pergunta: A vara com a qual Moisés entrou no Egito é a mesma que ele jogou no chão, ao pé do monte no deserto? Era a mesma? Na aparência era a mesma, nada mudou, a mesma cor, o mesmo tamanho, o mesmo cajado. Porém, agora a vara que ele levou para o Egito, tinha algo que a anterior não tinha. Ela tinha o Poder do Senhor, razão pela qual é chamada “vara do Eterno”. Moisés levantou esse cajado de pastor para o céu e caíram as pragas no Egito, tocou no mar e o mar se abriu. Era a vara do Eterno.
Você já aceitou a vida de Cristo?
O início
Naquela época estávamos trabalhando um texto de Soteriologia (Um trabalho sobre a Salvação na Bíblia) e uma pergunta nos veio à mente: É a morte de Cristo substitutiva? O apóstolo Paulo, com toda certeza, responderia que sim, nas suas cartas isso é muito claro. O que não sabíamos na época era que também a vida de Cristo é substitutiva. Toda a vida do Salvador, sua obediência perfeita é imputada ao pecador que aceita esta verdade e a recebe como um fato consumado.
Um costume
Estamos acostumados com a pregação da cruz, da morte redentora, do sacrifício em nosso favor, que quase nenhuma atenção tem sido dada à vida do Salvador como ato de salvação.
O erro de muitos
Atribuir toda a salvação apenas a um único aspecto é errado, e algumas igrejas estão com essa visão parcial, incompleta. Não é apenas a morte do Senhor que tem importância, mas, sua vida também. Não vamos cometer o mesmo erro de achar que a morte do Senhor foi suficiente, vamos considerar também o fato de que Ele tinha que viver uma vida perfeita que pudesse ser oferecida ao Pai em lugar da vida imperfeita do homem. Ele deveria trocar sua vida perfeita pela vida imperfeita do homem pecador.
Um texto esclarecedor
Por favor, solicitamos que nosso leitor considere com atenção o texto de Paulo a seguir:
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com o Eterno pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido reconciliados seremos salvos pela sua vida”. -- Romanos 5.10.
Um estudo cuidadoso deste texto e seu contexto imediato demonstram que a justificação pela fé se efetuou no momento da morte do Salvador, momento em que mesmo sendo inimigos de Deus, Ele nos reconciliou consigo pela morte de Cristo. Essa morte foi um ato de expiação. Então Paulo prossegue ensinando que após a reconciliação efetuada na cruz se processa a salvação, ele coloca esta questão nas seguintes palavras: “seremos salvos pela sua vida”. Paulo já tinha explicado anteriormente o significado da morte de Cristo, tinha esclarecido a razão e propósito dessa morte, agora ele passa a expor a razão pela qual CRisto teve uma vida de obediência perfeita, ele ensina que a vida perfeita do Senhor foi para nos salvar mediante essa vida.
Leia de novo: “seremos salvos pela sua vida”. Paulo não diz aqui: “seremos salvos pela sua morte”, mas pela SUA VIDA. Pela Vida de Cristo. Estas palavras de Paulo ecoam as palavras do próprio Senhor: “eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10.10).
Uma vida substitutiva
O evangelho é uma troca de vida, eu necessito morrer para receber em troca a vida de Cristo, da mesma forma como o apóstolo Paulo explicou sua experiência de salvação: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” Gálatas 2.20. Quando Paulo disse: “não vivo mais eu” está dizendo que ele morreu espiritualmente e que agora ele tem uma outra vida, agora ele vive a vida de Cristo. E para que ninguém possa argumentar que isso é só uma experiência pessoal do apóstolo e não um princípio para a Igreja ele escreve: “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo...” Romanos 7.4. Esse mesmo princípio, da necessidade da morte espiritual, é estabelecido em 2ª Coríntios 5.14 “... Se um morreu por todos, logo todos morreram” Na cruz se processou não apenas a morte expiatória de Cristo, mas também nossa morte. Ali nos também morremos para o velho homem, para a lei e o pecado, mas não é suficiente, agora uma vez efetuada a reconciliação, nós seremos salvos pela Sua Vida,
Vivemos pela fé a vida de Cristo, Ele nos imputa pela graça sua vida perfeita.
Lembrando:
A única vida perfeita que o Pai Celestial aceita é a vida de Cristo, a única obediência perfeita aceita pela justiça divina é a obediência de Cristo, a única experiência que agrada ao Pai é a experiência de Cristo. Por essa razão o Salvador nos oferece Sua vida, e não apenas sua morte como garantia de salvação. Não incorra de novo no erro de querer que nossa justiça, nossa vida e nossa experiência tenham algum valor diante do Pai Celestial, isso é um erro muito velho, é um erro antigo, um erro medieval, chamado: “justificação pelas obras”.
Moisés, o idoso homem de oitenta anos compreendeu isto, e no deserto, perto do monte Horebe, trocou sua vida poluída pelo pecado, poluída pelo homicídio de um egípcio, por uma nova vida, uma vida de um verdadeiro filho do Eterno Pai.
Capítulo 3 - Saindo do Egito, Saindo do Poder das Trevas
Então Moisés e Arão entraram no Egito para libertar o povo que vivia durante muitos anos como escravos de Faraó. Um povo sem esperança, sem alegria, famílias sem esperança de um futuro melhor para seus filhos, onde o pai e a mãe viam seus filhos continuar a ser escravos, uma situação que se prolongava por anos que não pareciam ter fim. Agora, dois homens chegam até o acampamento dos israelitas com palavras animadoras, o Senhor tinha visto a aflição do povo e tinha ouvido o seu clamor, o Senhor conhecia o sofrimento do povo (Êxodo 3.7). Isto é assim, porque Deus não está distante de nossas preocupações, Ele pode ver nosso coração e saber o que ali se esconde, podemos ocultar dos homens nossas lágrimas, chorar em silêncio, em meio a noite, em sussurros de desespero, mas não podemos esconder do Senhor nossa aflição, Ele escuta nossos clamores e lamentos, Ele nos ouve.
Esse cenário de desconsolo e de profunda tristeza na terra do Egito é o quadro que o pincel do Diabo pinta neste mundo e resulta em desespero humano e é o mesmo quadro que vemos na moldura de um mundo moderno, mas perdido, a escravidão provocada pelo pecado é mais dolorosa que as lágrimas derramadas na praça pública ao som das chicotadas do carrasco. Dói mais saber que alguém está perdido, afundado no pecado, do que algemas em torno dos pulsos. O pecado escraviza. Adão foi vencido pelo Diabo, e Pedro explica “que aquele que é vencido fica escravo do vencedor” (2ª Pedro 2.19). A humanidade necessita de liberdade. Liberdade! é o grito angustiado de uma alma presa pela dor, uma dor tão grande que aperta a garganta e não deixa cantar as velhas canções que alegravam o coração. Liberdade! É o grito de uma mãe que vê seu filho se afundar na lama dos vícios e das drogas.
Moisés entrou no Egito e falou ao Faraó: “deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êxodo 5.1). Ser livre significava celebrar uma festa. Onde? Veja a resposta: “no deserto”. Mas uma vez o Senhor nos surpreende.
Festa no Deserto
Faraó em seu palácio ouve dois homens falar que o povo de escravos vai celebrar uma festa “no deserto”, ele deve ter rolado de rir, como é que um povo, uma multidão de escravos vai fazer para celebrar uma festa em meio da areia escaldante? Você sabe das dificuldades de organizar uma festa, isso em lugar fechado, com mesas e cadeiras confortáveis para todos, talheres, copos, pratos, e guardanapos. De fato não é nada fácil, muitas vezes vi minha esposa nervosa por causa do aniversário do Samuel, nosso filho, ela ficava preocupada e ansiosa para que nada faltasse. Bom isso pode até parecer normal, mas uma festa no meio do deserto?
Não, não era a festa que nos pensamos, e nem a festa que Faraó pensou, nem era a festa que os israelitas também esperam, uma mesa farta no deserto, cheia de guloseimas, um banquete para saciar a fome (como explica Davi no Salmo 78.19). Não era essa qualidade de festa, era uma outra festa, Moisés estava falando de celebrar a liberdade, o povo deveria sair do Egito para celebrar a liberdade da qual Cristo falou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livre” (João 8.36).
Por que muitos hoje em dia preferem uma festa, um verdadeiro banquete na casa dos amigos e não celebrar a festa da liberdade? Porque estão escravizados pelo pecado, gostam de ser servos e não livres, preferem continuar a ser escravos e cegos, o que não lhes permite enxergar que as correntes em volta dos pulsos e dos pés podem ser arrancadas por quem oferece liberdade plena. O Senhor Jesus.
Uma águia foi criada em terra, amarrada a uma corda que segurava uma de suas patas a um toco de madeira no meio de um quintal, a águia de tanto dar voltas e voltas em torno do pedaço de madeira que segurava sua pata formou um círculo no quintal, ela girava e girava em volta do círculo. Um dia o dono da águia se compadeceu dela e soltou a pata, retirando a argola. Para surpresa do homem, a águia, a qual tem uma poderosa visão, continuo a dar voltas e mais voltas seguindo a trilha do círculo que tinha formado. Ela não enxergava que estava livre, que agora podia voar.
Voar para a liberdade, é o desafio para quem ainda está oprimido e escravizado pela falsa religião. Muitos não escaparam ainda. Nicodemos de noite buscou a liberdade e foi liberto da escravatura de um sistema religioso que nada mais podia lhe oferecer.
O Senhor, na cruz do Calvário soltou as amarras do pecado e nos deu a liberdade prometida, agora nosso grito de liberdade se transforma em celebração, celebramos a liberdade no deserto. Por que no deserto? Porque a Terra Prometida ainda está distante, ela é ainda uma promessa, promessa que se cumprirá quando seja inaugurado o Reino da Glória (Mateus 25.31) e então, só então, escutemos do Salvador sua meiga voz nos dizendo: “Vinde benditos de meu Pai”.
O povo de Israel era um símbolo perfeito de um mundo escravizado pelo pecado e oprimido por Faraó um símbolo do Diabo.
As Estratégias do Diabo
Primeira Estratégia: Fazer Pensar que é Mentira.
Sair para celebrar a liberdade? Quando alguém deseja sair da escravatura o diabo, o primeiro que lhe diz é que essa tal de liberdade do pecado é “tudo mentira”. Veja a resposta de Faraó:
“Agrave-se o serviço sobre esses homens, para que nele se apliquem e não dêem ouvidos a palavras mentirosas” (Êxodo 5.9)
O Diabo é sujo, falso e hipócrita, na boca de Faraó ordenou aos capatazes israelitas para que agravassem o trabalho do povo, para que dessa forma não tivessem tempo para ouvir “palavras mentirosas”. Ele chamou Moisés e Arão de mentirosos, e fez isso com o maior cinismo, e sem remorso nenhum. Essa é a primeira estratégia do Diabo, fazer com que a pessoa pense que o Evangelho da Graça (Atos 20.24) é uma grande mentira, que não existe essa liberdade prometida, e ainda por cima coloca mais fardos e pesos sobre os ombros das pessoas, mais aflições e enfados com a vida, mais afazeres, mas trabalho, mais tijolos para fabricar, mais dinheiro para ganhar, para que dessa maneira a pessoa esqueça da Graça oferecida de forma gratuita.
Assim, pela primeira estratégia do inimigo o povo desanima, e não acreditam que possa haver liberdade somente pela fé, e ficam dando voltas e mais voltas sem sair do lugar. Não percebem que podem ter asas como de águias e voar. “Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias...” (Isaías 40.31).
“Tudo é mentira” – Essa é a primeira a mais fatal de todas as estratégias do Diabo, ele articula as coisas de tal maneira para que a verdade pareça mentira e a mentira pareça verdade.
Tem sido assim desde que ele enganou a Eva. E será assim até o fim. Você já deve ter ouvido os pregadores do engano, emocionam até as lágrimas, modulam a voz para causar fortes emoções em seus ouvintes, criam cenários fantásticos e música que parece coral de anjos, mas a mentira está oculta atrás de toda essa aparência de piedade, assim agem as seitas. Somente depois, depois que a pessoa foi enredada nas teias do engodo é que aparece a mentira e as falsas doutrinas. Você já percebeu que em público as seitas parecem até evangélicas?
Faraó difamou os dois servos do Senhor enviados a seu palácio: “Eles falam mentiras”, foi a argumentação do rei pagão. Com essa estratégia o Faraó estava minando tanto os mensageiros como a mensagem. Como isso se repete na atualidade, é só se levantar alguém com coragem suficiente para denunciar a corrupção da religião, e que como atalaia do Senhor denuncie o afastamento da verdade e aponte com coragem a introdução do mundo nos programas das igrejas modernas, que os líderes reagem como Faraó, e gritam para seus membros: isso é mentira e mentiroso é esse homem.
As Estratégias do Diabo.
Segunda Estratégia: Pesados Fardos.
Satanás, o inimigo de nossa alma, é muito astuto, e um perito em armar-nos ciladas, e com sua astúcia lança mão de qualquer coisa para nos afastar de Cristo. Por essa razão desejamos chamar sua atenção agora, para lembrar de um fato importante:
Fazendo uma leitura atenta de Êxodo 5.15 a 20 descobrimos que os capatazes do povo eram israelitas, isto significa que eram seus próprios irmãos que exigiam do povo a produção da cota diária de tijolos. Os líderes de turma, ou seja, os capatazes, eles eram israelitas que trabalhavam a serviço de Faraó. E descobrimos também que foi Faraó que deu ordens aos capatazes, e exigissem do povo, fazer tijolos, na mesma quantidade de antes, mas com o serviço extra de que o povo deveria agora ajuntar a palha. Esse era um fardo pesado demais para o povo, era trabalho demais, e assim Satanás conseguiu seus propósitos: Depois deste incidente Moisés se lamenta para o Senhor – “Eis que os filhos de Israel não me têm ouvido...” (Êxodo 6.12).
Guardei em meus arquivos uma revista de dezembro de 1994, na qual aparece um artigo de Clay Sterrett que é um dos líderes da Igreja Community Fellowship Church, de Staunton, Virgínia nos Estados Unidos, e leciona na escola Grace Christian School. Nesse artigo ele explica de forma correta esta estratégia do Diabo, de como Satanás usa até líderes da igreja para colocar nos ombros dos fieis fardos pesados de carregar, vejamos o que ele diz:
“Satanás não se importa nem um pouco com os trabalhos da igreja, desde que eles nos mantenham longe de uma comunhão profunda com Jesus. A sociedade atual valoriza muito o indivíduo laborioso e diligente. Por isso temos sentimento de culpa sempre que não estamos correndo de um lado para outro fazendo alguma coisa. Quantas vezes agimos exatamente como Marta, agitada no serviço de casa, sem nunca ter tempo para sentar-se aos pés de Jesus como sua irmã Maria. E o que ela estava fazendo (preparando uma refeição para Jesus) era perfeitamente legítimo. Mas o Senhor afirmou que Maria escolhera a boa parte. (Lucas 10.39-42). Muitos crentes estão precisando aprender a resistir à tentação de se entregar a certas atividades que drenam suas forças espirituais... Alguns pensam que quanto mais movimento fizer, mais realizarão para Deus... A palavra de Deus nega isso, afirmando: “Não, isso não é vida; é atividade... A W, Tozer também comentou essa nossa supervalorização da atividade religiosa. Nesse empenho de realizar a obra do Senhor, muitas vezes, perdemos o Senhor da obra, e ainda por cima deixamos nosso povo esgotado. Muitas dessas atividades que ocupam tanto de nosso tempo são inúteis, e outras simplesmente ridículas. Mas aqueles que gostam de ver todo mundo atuando, irão retrucar: -- Que nada! Isso é bom para promover a comunhão entre os crentes e manter o pessoal unido – Mas o fato é que a maior parte das atividades existentes nas igrejas em geral não contribui em nada para realizar a verdadeira obra de Cristo na terra. Na maioria dos lugares é praticamente impossível conseguir que alguém assista a uma reunião onde a única coisa a acontecer é a comunhão com Deus.
Você está surpreso? Eu também fique surpreso quando descobri que foi Faraó quem mandou aos próprios israelitas para colocar pesado fardo no povo que já sofria como escravos. Os próprios líderes israelitas, seus capatazes, por ordem de Faraó colocando fardos em seu próprio povo. Pelo menos poderiam ter resistido a essa proposta tão humilhante de Faraó.
O mesmo problema e a mesma estratégia do Diabo foi observada por Cristo entre os judeus do primeiro século. O sonho do fundador da Igreja, da Igreja do Novo Testamento era uma Igreja sem os pesados fardos que os judeus da época colocavam no povo. O Salvador, o fundador da Igreja, condenou e criticou duramente os líderes que colocam fardos tão pesados que nem eles mesmos conseguiam carregar.
“Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” Mateus 23.4.
Essa segunda estratégia do diabo acontece dentro do próprio povo, o diabo manda para os líderes sem nenhuma visão espiritual, como capatazes do povo, que coloquem tarefas e mais tarefas, o diabo ordena para encher os ombros dos crentes com programas e programações, um sem fim de trabalhos, que parecem ser de dedicação ao Senhor, mas na realidade não passam de atividades para passar o tempo e transformar a igreja num clube de bons amigos.
Moisés, um idoso líder de oitenta anos e seu irmão Arão de oitenta e três, entenderam a lição, eles viram como Faraó usava das estratégias de Satanás para não libertar o povo, foram lições que Moisés aprendeu. Será que nós vamos aprender? Afinal de contas o sonho é de Cristo, Ele deseja uma Igreja de homens e mulheres, jovens e crianças livres de pesados fardos e que desfrutem da alegria da justificação pela fé. Esse sonho não é meu, é do Senhor da Igreja.
Termino este pequeno livro com uma esperança, gostaria que como semente em boa terra, estas poucas palavras produzam um dia seus frutos, frutos para vida eterna.
Permitida a distribuição desde que respeite a autoria e sem nenhuma modificação do texto.
Se após a leitura deste pequeno livro Deus mudou alguma coisa em sua vida, envie um e-mail para nós, ficaremos gratos de saber que através da leitura destas páginas seu coração agora se move na direção de Deus. Gostaríamos de saber se da mesma forma como Deus ensinou preciosas lições a Moisés, assim também você aprendeu alguma lição.
No amor do Messias – Nosso Senhor Jesus Cristo
Professor Dr. Raúl Ariel Jiménez Cortés.
Cordialmente: Pb. Carlos Antonio Santos de Novais