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MINISTÉRIO CRESCENDO NA GRAÇA E NO CONHECIMENTO DE DEUS (2Pe 3.18)

a hora e o tempo hoje...



*Namoro, Noivado, Casamento e Sexualidade á luz da Bíblia*
*Família, Primeiro projeto de Deus para a vida do Homem*
*Terapia para Casais, Relacionamentos Conjugais*
*O Coração do Homem - O campo de Batalha onde tudo Começa” - *Batalha Espiritual* (BREVE)
*O Cristão, o Sexo e a Sexualidade* (BREVE)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A ESCOLHA ERRADA PODE SER FATAL

A ESCOLHA ERRADA PODE SER FATAL

Em certa cidade interiorana, morava uma linda jovem que estava prestes a se casar e que durante todas as noites, gostava de sair com o seu cãozinho de estimação.
Certa noite, quando ela estava passeando com o seu cãozinho, passou defronte a uma garagem e sem perceber que vinha um carro em alta velocidade em sua direção, quase lhe atropelava... Esbravejou com o motorista, que logo saiu sem lhe dizer uma só palavra.
Aquela moça foi pra casa e contou o ocorrido ao seu futuro esposo e como também naquela mesma noite vira passar em sua frente um ônibus... que muito lhe chamara a atenção... Afinal de contas, ali nunca havia passado um só ônibus durante toda sua vida e, como o mesmo parou... abriu a porta e a esperou entrar.
Confusa, nem se quer perguntou alguma coisa ao motorista, saiu a toda disparada... por varias vezes, aquele ônibus parou a sua espera e ela não entrava, exceto seu cãozinho, que se esforçava bravamente para entrar no ônibus, mas, como sempre, era impedido por sua dona que logo pensou, que talvez aquele ônibus fosse o transporte da morte, pois dentro dele, havia inúmeras pessoas que também estavam a sua espera... “mas como eu tenho uma longa vida para frente, disse ela, quero é viver muito”, e por mais uma vez, se recusou a entrar no ônibus.
Numa certa noite, ela abriu a porta de sua casa e sem perceber, seu cãozinho saiu apressadamente e entrou naquele ônibus, mas, a linda jovem desesperadamente correu atrás de seu cãozinho na tentativa de alcançá-lo antes dele entrar no ônibus, no entanto seu cãozinho entrou e ficou a sua espera e se recusava a sair de lá de dentro. Foi quando o motorista fechou a porta do ônibus e se foi...
Ao sair o ônibus, carregando seu cãozinho, aquela linda jovem pôde perceber do outro lado da rua, que havia inúmeras pessoas lamentando o que havia acontecido, juntamente com varias ambulâncias e parâmedicos por todos os lados... Ao se aproximar, entrou em profundo desespero, ao ver estendido ao chão, seu corpo totalmente ensangüentado e imóvel, (estava morta) juntamente como seu cãozinho que aparentemente também havia morrido, mas, logo se levantou com vida e saiu correndo, ouvindo de um dos parâmedicos, “pensei que o cãozinho estava morto”.
Foi ai que aquela moça pôde perceber, que fora atropelado por aquele carro que vinha em sua direção em alta velocidade e que aquele ônibus, não era o transporte da morte, mas, o transporte da vida e aquelas pessoas dentro dele, eram pessoas que escolheram espontaneamente entrar (por isso ficaram quietas a sua espera), e aquele cãozinho, ainda que irracional, preferiu fazer a escolha certa, não negligenciando o dom da vida.

Em João 3:16 e 17, está escrito:

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.


Aqui está a maior prova de amor de Deus á humanidade, no fato de ter enviado seu Filho Jesus Cristo, para nos salvar e libertar do pecado.


Não se esqueça...

Sempre temos duas escolhas a fazer, mas, a decisão é sempre sua.

Pb. Carlos Antônio Santos de Novais
E-mail: bispocarlosantoniosantosdenovais@yahoo.com.br

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ètica, Caráter e Cristianismo



O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo".
Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral. Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado.
A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis" ("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.

Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos” (hvqoj). Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade). Todavia, empregavam “ēthos” quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco.

O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. No entanto, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens. Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor.

Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).Caráter, sua dimensão distintiva
O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída.

Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade. Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser.[1] Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”. [2]
Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social.
Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sangüíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável.
Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.
Caráter, sua dimensão antropo-teológica
Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética. Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributo morais de Deus refletiam-se na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30). É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7).
Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7).
O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.
Se desejas que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.

[1] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2002, p.40-55.
[2] SCHOPENHAUER, Artur. O livre arbítrio. São Paulo: Editora Novo Horizonte, [s.d.] p.223

Retirado do Blog:
www.teologiaegraca.blogspot.com


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Lições que Deus Ensinou a Moisés e a Nós Também

Lições que Deus Ensinou a Moisés e a Nós Também
Cordialmente: Professor Dr. Raúl Ariel Jiménez Cortés
(Reitor da FETEV -
http://www.faculdadeelshadai.org/)
INTRODUÇÃO


Um livro pode ser o fruto de uma inspiração literária, isso é próprio de poetas e escritores, esse não é meu caso, longe de mim me igualar aos grandes mestres da literatura. Um livro pode ser também o fruto de prolongada e exaustiva pesquisa, de muitas noites sem dormir, de árduo trabalho e infatigável pesquisa e reflexão sobre o assunto. Este último se assemelha mais a meu caso. Durante trinta e cinco anos me dediquei ao estudo dos assuntos que neste livro são tratados. E se há alguma fonte de inspiração, essa fonte é única, é a Bíblia, a Palavra de Deus Eterno.

Os capítulos que compõem este livro são temas na forma de Reflexões Bíblicas. Temas que giram em torno de uma relação, ou melhor, muito mais do que uma simples relação, e um assunto que trata da comunhão entre um homem e o seu Deus – O Todo Poderoso El Shadai, um homem que após quarenta anos soube compreender a vontade do Pai Eterno e fazer dessa vontade um modelo de vida. Um homem que viveu sob a dependência do Senhor e acabou sua carreira como vencedor. Mas também, e quem sabe, o mais importante dessa comunhão mútua foi a descoberta da forma como Deus trata com aqueles que se dispõem a ser líderes de um povo. Portanto, este livro trata de liderança comprometida com a vontade de Deus.

A maior necessidade do mundo atual é a de pessoas comprometidas com uma liderança que não se impõe, mas que se conquista, e hoje sabemos que o líder que impõe sua autoridade só ganha inimigo, mas os líderes capacitados, líderes espirituais, e acima de tudo, líderes que sabem identificar a vontade de Deus para eles e para seus liderados são pessoas amadas. Finalmente, este livro é também dedicado a todos aqueles que desejam conhecer melhor a forma como El Shadai – O Todo Poderoso nos surpreende quando procura transformar ouro bruto, cheio de escória em ouro puro.

Desejamos que as páginas deste livro sejam de descoberta espiritual, que encontre nelas o padrão de uma comunhão que ensina o caminho a seguir, páginas que orientem para identificar a revelação bíblica que ensinou a Moisés lições importantes, e a nós também. Quem sabe o que foi acima expressado é a maior motivação para escrever estas poucas páginas.

Capítulo 1 - O Chamado


A vida de Moisés é sem dúvida, entre muitas outras biografias bíblicas, a mais rica em lições espirituais. A forma como Deus trabalhou na vida desse grande líder do passado, pode também nos ensinar a forma como Deus pode tratar com nossa própria vida.

Desde o livramento e preservação da vida ao nascer, quando o povo de Israel enfrentava uma crise; sua educação na corte de Faraó, até sua morte no monte, são vislumbres de como Deus trata com seus eleitos.

A maioria dos biógrafos bíblicos concorda numa questão, o ponto culminante na vida de Moisés é o seu chamado, por essa razão, iniciamos refletindo sobre as lições que Deus ensinou a Moisés quando o chamou para a liderança de Israel.

Nenhuma ovelha (Leitura: Êxodo 3.1).

Você já se sentiu solitário, no abandono, desalentado e frustrado, sem expectativas para o futuro? Moisés estava assim! Não eram quarenta dias, eram quarenta anos! E esses anos se alastravam um após outro e nada mudava, um ano após outro Moisés continuava cuidando das ovelhas que não eram dele. Se nos acreditamos que Moisés foi o autor de Êxodo, então, ele faz questão de deixar para a posteridade o registro de que ele era pastor, um pastor sem ovelhas, elas eram de Jetro, seu sogro. Ele era um pastor que não tinha rebanho. O que ele não sabia era que Deus lhe daria não um rebanho, mas um povo.

Quantas vezes, no deserto de nossa vida, contemplamos à nossa volta e não vemos outra coisa senão as pedras do deserto, e sentimos apenas o sol escaldante da solidão e o desespero de não encontrar uma saída. Os anos se passam um após outro e a visão não muda, os sonhos não se realizam, a noite do deserto cai sobre nós como um manto fechado e escuro. A depressão começa a tomar conta de nossa vida. Então o desalento, o desânimo e a frustração invadem a alma como uma tormenta de areia no deserto, vemos tudo em preto e branco, a vida perde sua razão de ser e não entoamos mais as velhas canções que alegravam o coração. Quando você contempla com tristeza, e com os olhos anuviados pelo choro, que aqueles que diziam ser seus amigos lhe dão as costas, e não mais olham para você da mesma forma, isso por causa de seus fracassos na vida, então está na hora de aprender junto com Moisés!


A visão do Eterno (Leitura: Êxodo 3.2-5)

No deserto, Deus deu a Moisés uma visão! E ele viu! O que ele viu mudou sua vida! Você precisa ter essa nova visão com relação a Deus, deve saber que o Todo Poderoso não está preocupado com sua história para mudar a sua vida!

Se Deus se preocupasse com a história de Moisés, Ele teria visto que esse homem era um assassino procurado pela justiça do Egito, ele tinha matado um cidadão desse país e fugido para o deserto. Se Deus se preocupasse com o sucesso de alguém, veria que Moisés era um fracasso como empreendedor, ele não tinha conseguido nem uma ovelha sequer para começar seu próprio rebanho, isso em quarenta anos. Se Deus olhasse para nós como o mundo moderno escolhe seus líderes, o Pai Eterno veria que um homem de oitenta anos está velho demais para começar alguma coisa. Moisés tinha ultrapassado a terceira idade! Por que Deus não procurou um jovem no vigor e entusiasmo dos vinte anos? Sabe por quê? Porque o Todo Poderoso nos surpreende!

Quando o Senhor mostrou para Moisés a visão da sarça, Ele estava desejando lhe ensinar, e a nós também, ensinar a lição de que nada para o Senhor está dentro do que muitas vezes nos parece “normal”. Normal seria a sarça se queimar até virar cinza. Mas os milagres que transformam vidas estão marcados pelas surpresas do Senhor. É dessa forma que Ele nos surpreende.

Pensemos um momento:
Se Moisés apresentasse seu currículo para o pastorado de uma igreja moderna, seria ele aceito? Com 80 anos? Sem recursos, nem uma ovelha sequer? Assassino fugitivo? Com dificuldades para falar? Sem eloqüência? -- Vamos perguntar a opinião da esposa. O que ela diria de seu marido: “Certamente me és um esposo sanguinário” (Êxodo 4.25-26). Até a esposa achava que Moisés era sanguinário!

O que tinha Moisés? Nada! Ele tinha apenas uma velha ferramenta de trabalho, sem valor nenhum, uma velha vara de pastor. Muitas vezes nós esperamos ter grandes coisas para oferecer ao Senhor. Esperamos ter talentos, educação, dinheiro, e por ai vai... O mundo de hoje escolhe jovens talentosos; o Eterno escolhe os idosos solitários. O mundo apela para a barganha: O que você pode dar em troca? O mundo espera que você seja alguém na vida. Deus escolhe àquele que perdeu a esperança na vida e o torna alguém. O mundo tem seus padrões, valores e a forma de medir as pessoas que lhe serão úteis para lhe oferecer uma oportunidade. Deus nos oferece uma oportunidade para crescer com Ele. Ele simplesmente nos surpreende!

Deixe-se surpreender por Ele! Se aproxime da sarça e veja! Este pode ser o dia em que o Senhor fará você pisar em lugar santo. O dia de tirar as sandálias de seus pés e se aproximar do Todo Poderoso que está na sarça. Veja o fogo do Senhor aquecendo seu coração, enquanto está lendo estas palavras, deixe-se aquecer e abandone todo seu passado de deserto e solidão, anos de fracasso ficarão para trás. Veja a sarça, veja o fogo, avance para a oportunidade que Deus está colocando a sua frente.

Quem eu sou? O que eu tenho? Por que tenho esperado tantos anos? Ainda essas são suas perguntas? Esqueça! O Todo Poderoso é Aquele que não olha para quem você foi ou ainda é. Não! Não, O Amoroso Pai, pelo contrário olha para ver em você o líder que pode ser! Não tem ovelhas? Ele lhe dará um povo! Você tem apenas uma velha ferramenta? Deus poderá usar ela para abrir o mar e libertar o povo.

Em certa oportunidade um homem solitário, desalentado e triste, pensando que Deus o tinha abandonado, sentou-se à beira da praia, de fronte de um muro, e falou: “Pai, eu acreditarei em ti se novamente abrires este mar na minha frente, da mesma forma como aconteceu no deserto. Eu voltarei a ter esperança se derrubares novamente este muro, como aconteceu em Jericó e se agora fizeres chover como aconteceu com Elias”.

E o homem esperou, e esperou, esperou pela resposta do Senhor.

E o Todo Poderoso respondeu para o homem. Deus lhe abriu não o mar, mas muitas oportunidades de crescer. Derrubou não o muro, mas derrubou as muralhas de impedimentos que atrapalhavam a vida do homem. O Criador fez chover, não água sobre a cabeça do homem, mas choveu bênçãos e mais bênçãos sobre a vida dele.

O homem esperava, e continuou a esperar, depois de dois meses, foi de novo até a beira da praia, sentou-se na areia de frente para o muro, e mais desalentado ainda, levantou os olhos para o céu e perguntou: “O Senhor ficou surdo, que não ouves minha oração?”.

E o Senhor respondeu: “E tu estás cego?” – Eu abri o mar, derrubei o muro e fiz chover! Mas, não tens conseguido enxergar!

Uma nova visão! Precisamos olhar mais para a sarça de oportunidades e ver como o Senhor trabalha em nossa vida. Este é o dia de pisar em lugar santo.

Capítulo 2 - Correndo no Deserto


Já sabemos que Moisés pastoreava as ovelhas de Jetro, seu sogro, ele não tinha ovelhas, Moisés tinha apenas aquela velha vara que servia de cajado.

O Senhor novamente o surpreende – O diálogo que também nos surpreende se encontra em Êxodo 4.1-4.

“Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu”. Êxodo 4.1.

Uma desculpa coerente? Talvez! Moisés estava pensando nas possibilidades. Como ele iria chegar ao Egito, reunir o povo e disser que após tantos anos de silêncio de Deus. O Senhor tinha voltado a falar? E falar justo a um homem solitário, em pleno deserto? Iria o povo acreditar? Foi então, em razão dessas possibilidades que Moisés argumentou com o Senhor. É lógica a argumentação de Moisés? O povo acreditaria num homem velho, homem que muitos não conheciam? O Povo deveria acreditar que aquele desconhecido, de oitenta anos, tinha falado com Deus!

Veja a dificuldade de Moisés, para a maioria do povo ele era um desconhecido, e quem se lembrava dele, talvez o lembrasse como o assassino do egípcio. Agora ele deveria chegar diante do povo e disser que Deus falou com ele, e ainda para complicar ele deveria disser que o povo deveria abandonar o Egito e sair para uma terra que o Senhor mostraria. Como poderia o povo acreditar? Se tivesse acontecido nos dias de hoje, o povo diria para Moisés que ele tomou muito sol na cabeça e ficou louco!

“Não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu” – Ainda estas palavras é o eco de muitas outras desculpas de homens e mulheres que não reconhecem seu chamado divino, essa é a desculpa daqueles que duvidam que Deus possa abrir caminhos no deserto e destruir exércitos de inimigos. Pensamentos de dúvidas, argumentos vazios, palavras ao vento, que não fazem sentido nenhum para o Senhor, pois, quando Ele, que é o Todo Poderoso, Ele que é El Shadai, chama alguém, também o capacita para o cumprimento da missão.

O que Moisés aprendeu? Que mesmo que todos duvidassem, ele deveria ter a plena e absoluta certeza de que Deus o tinha enviado.

Como o Senhor surpreende Moisés e faz com que todos esses pensamentos e argumentos sejam derrubados? Com uma simples pergunta, Moisés esperava do Senhor uma resposta completa, cheia de argumentos para convencer o povo a sair da escravidão, talvez Moisés esperasse um “Manual de Libertação”, mas não, o Senhor responde com cinco palavras em forma de pergunta:

“... Que isso na tua mão?”. Êxodo 4.2

O Senhor disse para Moisés olhar para a mão, para contemplar com atenção o que ele tinha! E com essa pergunta, Deus desejava que Moisés tomasse consciência de uma realidade inicial. Ele era pastor, tinha na sua mão calejada uma rama de árvore na forma de um cajado, era a velha vara, sua ferramenta de trabalho. A única coisa que era verdadeiramente dele. As ovelhas eram de seu sogro.

Deus levou Moisés a reconhecer a sua incapacidade como líder e a reconhecer que toda a capacitação vem do Eterno. O mistério antecede a revelação e a revelação antecede a capacitação. Por quê? Porque a revelação é o reconhecimento que o Senhor está na solução dos problemas – Ali, em pleno deserto, ao pé do monte Horebe, Moisés reconhece que tinha um problema, na mão só tinha uma vara de pastor, um velho e gastado cajado, só isso e mais nada, ele tinha um problema, não se sentia capaz – O Senhor tinha a solução.

O Evangelho em três versículos.

Uma leitura atenta de Êxodo 4.2-4 com certeza nos surpreende, pela forma como o Senhor trata com seus servos.

Nada.

O Senhor primeiro perguntou: “Que isso na tua mão?”. Com está pergunta Ele está como que perguntando pelas habilidades que Moisés possuía. Pelas ferramentas que Moisés dispunha. E Moisés tinha apenas uma velha vara, um galho de árvore que tinha sido moldado para servir de cajado e assim cuidar das ovelhas. Moisés tinha só isso! Uma vara, mais nada! Lembremos que as ovelhas eram de seu sogro.

Então Deus lhe pede: “lança-a na terra”. Quando Moisés lançou a vara no chão, com que ficou? Com nada! Sem vara, sem ferramentas humanas, sem cajado, sem ovelhas, nada. O Senhor desejava que seu servo tivesse a compreensão de que ele não era capaz, que Moisés não tinha nada, e se ainda achava que tinha alguma coisa, então deveria lançar por terra. Quando o Criador exalta seus servos, Ele exalta os humildes e não os soberbos, nem os enfatuados que se acham ricos e poderosos, que diz em seu coração, rico sou e abastado e de nada tenho falta (Apocalipse 3.17). Nada, esse é o início de uma carreira vitoriosa no ministério, se sentir completamente na dependência do Senhor, isso é fé, fé e

jogar nossas ferramentas humanas pelo chão, lançar por terra nossos recursos e habilidades e transformar tudo isso em recursos divinos a serviço do Pai Celestial.
Transformando Recursos Humanos em Recursos Divinos

O que aconteceu com a vara ao tocar no chão? A narrativa explica: “Se tornou em cobra” (verso 3).

Moisés tinha passado quarenta anos no deserto e conhecia todos os tipos de cobras. Quando viu aquela: Cauda curta, cabeça chata, ele reconheceu o perigo e não pensou duas vezes, começou a correr. Sua Bíblia (e a minha também) diz que “Moisés fugia dela” (verso 3). E como se foge de uma cobra venosa? Correndo! Moisés corria pelo deserto, pois sabia do perigo, a serpente era venenosa, uma mordida seria fatal. Se a cobra fosse uma minhoca inofensiva, sua Bíblia não diria que Moisés fugia dela. Moisés corria porque não desejava morrer envenenado!

Agora o Senhor surpreende Moisés, com uma ordem inusitada. Deus pede para Moisés morrer envenenado! E isso que está escrito na Bíblia? O Senhor ordenou a Moisés para ele morrer pela mordida da cobra? Sim! Não explicado em detalhes, mas pelas implicações, veja a seguir.

Em uma oportunidade eu viajei para Mato Grosso do Norte e conheci umas pessoas que tinham como profissão ser caçadores de cobras. Eles eram pessoas contratadas pelas companhias madeireiras para entrar no mato e matar ou caçar tudo tipo de animal perigoso que pudesse colocar em risco a equipe de trabalhadores.

Eu perguntei a um deles o que aconteceria se eu pegasse uma cobra pela cauda.

Não pastor! Foi a imediata resposta de nosso amigo. Jamais pode pegar uma cobra pela cauda, pois a cabeça se vira e morde você no braço, no rosto, e sua mordida é fatal.

Então ele explicou como se pega uma cobra: Quando pegamos uma serpente nós encurralamos a cobra, primeiro com esta ferramenta parecida com um grande garfo cumprido e de maneira, seguramos o bicho contra o chão e logo a seguir temos que segurar ela pela cabeça, pois temos que segurar a cabeça para manter os dentes longe de nós. Há uma enorme e fatal diferença entre pegar uma cobra pela cauda ou pela cabeça.

Agora você deve acreditar no Senhor, e no que Ele ordenou a Moisés, afinal de contas, quem escreve a narrativa foi o próprio Patriarca.

Veja agora na sua Bíblia o pedido ou ordem do Senhor: “estende tua mão e pega-a pela cauda” (verso 4).

Imaginando a cena.

Moisés corria da cobra, ela era venenosa, não se corre e nem se foge de uma serpente inofensiva. Em meio à correria Moisés escuta a ordem do Senhor: “Pega a cobra pela cauda”.

Senhor, pegar a cobra pela cauda?

Sim pela cauda!

Veja que a até aqui Moisés não sabia o que nós agora nós sabemos, que a cobra se transformaria em vara de novo. Ele não sabia. Ele apenas escutou a surpreendente ordem do Senhor. E agora?

Será que Moisés tinha escolha? Sim, ele poderia continuar correndo ou obedecer a Deus, por mais absurda que possa parecer essa ordem divina. Moisés não sabia o que iria acontecer ao pegar a cobra pela cauda? Sabia sim! Ele sabia que a morte era certa, pois a cabeça da serpente se viraria e fatalmente o morderia. Continuar correndo ou obedecer ao Senhor?

Ali no deserto, um homem de oitenta anos corria desesperadamente para não perder sua vida e o Senhor lhe ordena parar, e morrer! Morrer envenenado! Absurdo?

Parece absurdo, mas pense bem, que era Deus que falava com Moisés, e o velho Moisés não pensou duas vezes, sua decisão foi obedecer, sua escolha foi ouvir e fazer a vontade do Senhor, por mais absurda que possa parecer.

Moisés parou, esperou a cobra chegar perto, deu um pulo e pegou ela pela cauda, talvez ele até fechasse os olhos e esperou a mordida. Mas aconteceu o milagre! A cobra se transformou em vara novamente, Moisés sentiu em sua mão o corpo mole da serpente ficar rijo como a rama de árvore que lhe servia de cajado. O milagre tinha acontecido, e sabe por quê? Por que o mistério antecede à revelação. O Todo Poderoso devolveu a vida a Moisés, o homem estava disposto a morrer em obediência, para Moisés era mais valiosa a obediência de que sua própria vida.

Por que o Evangelho em três versículos? Porque o evangelho é uma troca de vida, damos nossa vida poluída pelo pecado em troca da vida de Cristo. Ele nos deu vida e vida em abundância, uma vida plena em troca de nossa morte (“um morreu por todos, logo; todos morreram” - 2ª Coríntios 5.14). Paulo se expressa corretamente quando disse: “estou morto, não vivo mais, Cristo vive em mim” (Gálatas 2.20). O “velho homem” está morto, e somos uma nova criatura (Colossenses 3:9). “Se o grão de trigo não morrer, fica ele só, mas se morrer da muito fruto” (João 12.24). Jesus diz para Nicodemos: “É necessário nascer de novo” (João 3.3).

O que Moisés fez foi um ato de fé. É fé em toda a Bíblia, de princípio a fim. E aqui encontramos o evangelho da fé que leva a obediência. É a doutrina da justificação pela fé ensinada na vida de um homem que se tornou líder em Israel.

Um texto surpreendente.

Quando mais para frente lemos em nossa Bíblia, logo após esse encontro de Moisés com Deus, encontramos uma surpresa. “Tomou, pois Moisés sua mulher e seus filhos, e os levou sobre um jumento, e tornou à terra do Egito; e Moisés tomou a vara de Deus na sua mão”. Êxodo 4.20. Foi neste momento, que Moisés volta para o Egito, para cumprir com a missão divina de libertar o povo, ele volta com o seu velho cajado, mas a narrativa é uma surpresa após a outra, temos o registro de que a vara não era mais a mesma.

Guarde isto em sua mente. A vara que Moisés lançou na terra, era a vara de Moisés, apenas uma velha ferramenta de trabalho, que servia para pastorear o rebanho de seu sogro. Porém, o texto da Bíblia esclarece muito bem que a que ele agora levava para o Egito era a “vara de Deus”. Uma ferramenta na mão de um homem para pastorear um povo.

Esse cajado era um símbolo de sua própria vida.

Um cajado comum, uma vara de pastor transformada em vara do Senhor, agora, um instrumento na mão de Moisés para libertar o povo da escravidão do Egito. Quando Paulo explica o Evangelho da Graça do Senhor (Atos 20:24), nos ensina que a Justificação começa com a morte, uma morte figurada como um símbolo da entrega da vida poluída pelo pecado. Da mesma forma como Moisés esteve disposto a pegar a cobra pela cauda, a morrer pela mordida da cobra. O símbolo de uma vida transformada é perfeito, veja.

Sabemos que a conseqüência do pecado foi a morte, e a serpente no Jardim teve culpa ao enganar a Eva, serpente e morte estão relacionadas, o homem vive, acha que vive, mas vive porque nasceu da carne (João 1.13), todavia, viver apenas na carne natural, como homem natural (1ª Coríntios 2.14), não resolve o problema do pecado. É necessário um “morrer” e um “ressuscitar”. Para herdar a vida eterna é necessário “morrer” e “ressuscitar”, primeiro de forma espiritual e depois, por ocasião da inauguração do Reino da Glória, na Segunda Vinda de Cristo, ressuscitar de forma física, isso se você já estiver descansando na sepultura em Cristo, mas se você estiver vivo ainda, então acontecerá a transformação. Vamos juntos ler atentamente Romanos 6.4-7 e compreender esta verdade.

“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que; como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado”.

Desejamos levar sua atenção para o verso 7: “porquanto quem morreu está justificado do pecado”. Isto torna necessário destacar que Paulo está falando em Justificação pela Fé. --- Todavia preste bastante atenção na forma da frase: está justificado, Paulo NÃO diz estará justificado, como se fosse alguma coisa futura, mas, ele explica dizendo que quem está morto está justificado, portanto, é uma experiência de transformação imediata. De pecador a justificado.

Pela fé morremos para o velho o homem e nascemos justificados como um novo homem, todas as coisas passadas ficam para trás e tudo se faz novo. Nascemos de novo, como filhos do Eterno e herdeiros de Seu Reino. Se o pecado pode ter o símbolo de uma serpente, a cobra do deserto simbolizava o pecado e suas conseqüências, a morte, mas se o homem morre, então está justificado do pecado. E Paulo explica como se processa essa “morte” – Junto com Cristo, pois, se “um morreu por todos, logo; todos morreram” - 2ª Coríntios 5.14. Pela fé Moisés pegou a cobra pela cauda, fecho os olhos e esperou a morte, ele esteve disposto a morrer, mas o Senhor lhe devolve uma outra vida, no símbolo de uma outra vara, um outro cajado.

Um homem comum, um pastor sem ovelhas, sem rebanho, sem futuro, transformado em líder de um povo. Assim acontece com quem compreende e aceita a Justificação pela Fé. Uma transformação de morte para vida. Todo o passado fica no passado, esquecido e perdoado, nada mais há para lembrar, desse momento em diante você é uma “nova criatura” – Como pode, então, certas religiões ficarem remoendo a vida passada de uma pessoa que nasceu de novo?

Podemos até fazer uma pergunta: A vara com a qual Moisés entrou no Egito é a mesma que ele jogou no chão, ao pé do monte no deserto? Era a mesma? Na aparência era a mesma, nada mudou, a mesma cor, o mesmo tamanho, o mesmo cajado. Porém, agora a vara que ele levou para o Egito, tinha algo que a anterior não tinha. Ela tinha o Poder do Senhor, razão pela qual é chamada “vara do Eterno”. Moisés levantou esse cajado de pastor para o céu e caíram as pragas no Egito, tocou no mar e o mar se abriu. Era a vara do Eterno.

Você já aceitou a vida de Cristo?

O início

Naquela época estávamos trabalhando um texto de Soteriologia (Um trabalho sobre a Salvação na Bíblia) e uma pergunta nos veio à mente: É a morte de Cristo substitutiva? O apóstolo Paulo, com toda certeza, responderia que sim, nas suas cartas isso é muito claro. O que não sabíamos na época era que também a vida de Cristo é substitutiva. Toda a vida do Salvador, sua obediência perfeita é imputada ao pecador que aceita esta verdade e a recebe como um fato consumado.

Um costume

Estamos acostumados com a pregação da cruz, da morte redentora, do sacrifício em nosso favor, que quase nenhuma atenção tem sido dada à vida do Salvador como ato de salvação.

O erro de muitos

Atribuir toda a salvação apenas a um único aspecto é errado, e algumas igrejas estão com essa visão parcial, incompleta. Não é apenas a morte do Senhor que tem importância, mas, sua vida também. Não vamos cometer o mesmo erro de achar que a morte do Senhor foi suficiente, vamos considerar também o fato de que Ele tinha que viver uma vida perfeita que pudesse ser oferecida ao Pai em lugar da vida imperfeita do homem. Ele deveria trocar sua vida perfeita pela vida imperfeita do homem pecador.

Um texto esclarecedor

Por favor, solicitamos que nosso leitor considere com atenção o texto de Paulo a seguir:

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com o Eterno pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido reconciliados seremos salvos pela sua vida”. -- Romanos 5.10.

Um estudo cuidadoso deste texto e seu contexto imediato demonstram que a justificação pela fé se efetuou no momento da morte do Salvador, momento em que mesmo sendo inimigos de Deus, Ele nos reconciliou consigo pela morte de Cristo. Essa morte foi um ato de expiação. Então Paulo prossegue ensinando que após a reconciliação efetuada na cruz se processa a salvação, ele coloca esta questão nas seguintes palavras: “seremos salvos pela sua vida”. Paulo já tinha explicado anteriormente o significado da morte de Cristo, tinha esclarecido a razão e propósito dessa morte, agora ele passa a expor a razão pela qual CRisto teve uma vida de obediência perfeita, ele ensina que a vida perfeita do Senhor foi para nos salvar mediante essa vida.

Leia de novo: “seremos salvos pela sua vida”. Paulo não diz aqui: “seremos salvos pela sua morte”, mas pela SUA VIDA. Pela Vida de Cristo. Estas palavras de Paulo ecoam as palavras do próprio Senhor: “eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10.10).

Uma vida substitutiva

O evangelho é uma troca de vida, eu necessito morrer para receber em troca a vida de Cristo, da mesma forma como o apóstolo Paulo explicou sua experiência de salvação: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” Gálatas 2.20. Quando Paulo disse: “não vivo mais eu” está dizendo que ele morreu espiritualmente e que agora ele tem uma outra vida, agora ele vive a vida de Cristo. E para que ninguém possa argumentar que isso é só uma experiência pessoal do apóstolo e não um princípio para a Igreja ele escreve: “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo...” Romanos 7.4. Esse mesmo princípio, da necessidade da morte espiritual, é estabelecido em 2ª Coríntios 5.14 “... Se um morreu por todos, logo todos morreram” Na cruz se processou não apenas a morte expiatória de Cristo, mas também nossa morte. Ali nos também morremos para o velho homem, para a lei e o pecado, mas não é suficiente, agora uma vez efetuada a reconciliação, nós seremos salvos pela Sua Vida,

Vivemos pela fé a vida de Cristo, Ele nos imputa pela graça sua vida perfeita.
Lembrando:

A única vida perfeita que o Pai Celestial aceita é a vida de Cristo, a única obediência perfeita aceita pela justiça divina é a obediência de Cristo, a única experiência que agrada ao Pai é a experiência de Cristo. Por essa razão o Salvador nos oferece Sua vida, e não apenas sua morte como garantia de salvação. Não incorra de novo no erro de querer que nossa justiça, nossa vida e nossa experiência tenham algum valor diante do Pai Celestial, isso é um erro muito velho, é um erro antigo, um erro medieval, chamado: “justificação pelas obras”.

Moisés, o idoso homem de oitenta anos compreendeu isto, e no deserto, perto do monte Horebe, trocou sua vida poluída pelo pecado, poluída pelo homicídio de um egípcio, por uma nova vida, uma vida de um verdadeiro filho do Eterno Pai.

Capítulo 3 - Saindo do Egito, Saindo do Poder das Trevas

Então Moisés e Arão entraram no Egito para libertar o povo que vivia durante muitos anos como escravos de Faraó. Um povo sem esperança, sem alegria, famílias sem esperança de um futuro melhor para seus filhos, onde o pai e a mãe viam seus filhos continuar a ser escravos, uma situação que se prolongava por anos que não pareciam ter fim. Agora, dois homens chegam até o acampamento dos israelitas com palavras animadoras, o Senhor tinha visto a aflição do povo e tinha ouvido o seu clamor, o Senhor conhecia o sofrimento do povo (Êxodo 3.7). Isto é assim, porque Deus não está distante de nossas preocupações, Ele pode ver nosso coração e saber o que ali se esconde, podemos ocultar dos homens nossas lágrimas, chorar em silêncio, em meio a noite, em sussurros de desespero, mas não podemos esconder do Senhor nossa aflição, Ele escuta nossos clamores e lamentos, Ele nos ouve.

Esse cenário de desconsolo e de profunda tristeza na terra do Egito é o quadro que o pincel do Diabo pinta neste mundo e resulta em desespero humano e é o mesmo quadro que vemos na moldura de um mundo moderno, mas perdido, a escravidão provocada pelo pecado é mais dolorosa que as lágrimas derramadas na praça pública ao som das chicotadas do carrasco. Dói mais saber que alguém está perdido, afundado no pecado, do que algemas em torno dos pulsos. O pecado escraviza. Adão foi vencido pelo Diabo, e Pedro explica “que aquele que é vencido fica escravo do vencedor” (2ª Pedro 2.19). A humanidade necessita de liberdade. Liberdade! é o grito angustiado de uma alma presa pela dor, uma dor tão grande que aperta a garganta e não deixa cantar as velhas canções que alegravam o coração. Liberdade! É o grito de uma mãe que vê seu filho se afundar na lama dos vícios e das drogas.

Moisés entrou no Egito e falou ao Faraó: “deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êxodo 5.1). Ser livre significava celebrar uma festa. Onde? Veja a resposta: “no deserto”. Mas uma vez o Senhor nos surpreende.

Festa no Deserto

Faraó em seu palácio ouve dois homens falar que o povo de escravos vai celebrar uma festa “no deserto”, ele deve ter rolado de rir, como é que um povo, uma multidão de escravos vai fazer para celebrar uma festa em meio da areia escaldante? Você sabe das dificuldades de organizar uma festa, isso em lugar fechado, com mesas e cadeiras confortáveis para todos, talheres, copos, pratos, e guardanapos. De fato não é nada fácil, muitas vezes vi minha esposa nervosa por causa do aniversário do Samuel, nosso filho, ela ficava preocupada e ansiosa para que nada faltasse. Bom isso pode até parecer normal, mas uma festa no meio do deserto?

Não, não era a festa que nos pensamos, e nem a festa que Faraó pensou, nem era a festa que os israelitas também esperam, uma mesa farta no deserto, cheia de guloseimas, um banquete para saciar a fome (como explica Davi no Salmo 78.19). Não era essa qualidade de festa, era uma outra festa, Moisés estava falando de celebrar a liberdade, o povo deveria sair do Egito para celebrar a liberdade da qual Cristo falou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livre” (João 8.36).

Por que muitos hoje em dia preferem uma festa, um verdadeiro banquete na casa dos amigos e não celebrar a festa da liberdade? Porque estão escravizados pelo pecado, gostam de ser servos e não livres, preferem continuar a ser escravos e cegos, o que não lhes permite enxergar que as correntes em volta dos pulsos e dos pés podem ser arrancadas por quem oferece liberdade plena. O Senhor Jesus.

Uma águia foi criada em terra, amarrada a uma corda que segurava uma de suas patas a um toco de madeira no meio de um quintal, a águia de tanto dar voltas e voltas em torno do pedaço de madeira que segurava sua pata formou um círculo no quintal, ela girava e girava em volta do círculo. Um dia o dono da águia se compadeceu dela e soltou a pata, retirando a argola. Para surpresa do homem, a águia, a qual tem uma poderosa visão, continuo a dar voltas e mais voltas seguindo a trilha do círculo que tinha formado. Ela não enxergava que estava livre, que agora podia voar.

Voar para a liberdade, é o desafio para quem ainda está oprimido e escravizado pela falsa religião. Muitos não escaparam ainda. Nicodemos de noite buscou a liberdade e foi liberto da escravatura de um sistema religioso que nada mais podia lhe oferecer.

O Senhor, na cruz do Calvário soltou as amarras do pecado e nos deu a liberdade prometida, agora nosso grito de liberdade se transforma em celebração, celebramos a liberdade no deserto. Por que no deserto? Porque a Terra Prometida ainda está distante, ela é ainda uma promessa, promessa que se cumprirá quando seja inaugurado o Reino da Glória (Mateus 25.31) e então, só então, escutemos do Salvador sua meiga voz nos dizendo: “Vinde benditos de meu Pai”.

O povo de Israel era um símbolo perfeito de um mundo escravizado pelo pecado e oprimido por Faraó um símbolo do Diabo.

As Estratégias do Diabo

Primeira Estratégia: Fazer Pensar que é Mentira.

Sair para celebrar a liberdade? Quando alguém deseja sair da escravatura o diabo, o primeiro que lhe diz é que essa tal de liberdade do pecado é “tudo mentira”. Veja a resposta de Faraó:

“Agrave-se o serviço sobre esses homens, para que nele se apliquem e não dêem ouvidos a palavras mentirosas” (Êxodo 5.9)

O Diabo é sujo, falso e hipócrita, na boca de Faraó ordenou aos capatazes israelitas para que agravassem o trabalho do povo, para que dessa forma não tivessem tempo para ouvir “palavras mentirosas”. Ele chamou Moisés e Arão de mentirosos, e fez isso com o maior cinismo, e sem remorso nenhum. Essa é a primeira estratégia do Diabo, fazer com que a pessoa pense que o Evangelho da Graça (Atos 20.24) é uma grande mentira, que não existe essa liberdade prometida, e ainda por cima coloca mais fardos e pesos sobre os ombros das pessoas, mais aflições e enfados com a vida, mais afazeres, mas trabalho, mais tijolos para fabricar, mais dinheiro para ganhar, para que dessa maneira a pessoa esqueça da Graça oferecida de forma gratuita.

Assim, pela primeira estratégia do inimigo o povo desanima, e não acreditam que possa haver liberdade somente pela fé, e ficam dando voltas e mais voltas sem sair do lugar. Não percebem que podem ter asas como de águias e voar. “Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias...” (Isaías 40.31).

“Tudo é mentira” – Essa é a primeira a mais fatal de todas as estratégias do Diabo, ele articula as coisas de tal maneira para que a verdade pareça mentira e a mentira pareça verdade.

Tem sido assim desde que ele enganou a Eva. E será assim até o fim. Você já deve ter ouvido os pregadores do engano, emocionam até as lágrimas, modulam a voz para causar fortes emoções em seus ouvintes, criam cenários fantásticos e música que parece coral de anjos, mas a mentira está oculta atrás de toda essa aparência de piedade, assim agem as seitas. Somente depois, depois que a pessoa foi enredada nas teias do engodo é que aparece a mentira e as falsas doutrinas. Você já percebeu que em público as seitas parecem até evangélicas?

Faraó difamou os dois servos do Senhor enviados a seu palácio: “Eles falam mentiras”, foi a argumentação do rei pagão. Com essa estratégia o Faraó estava minando tanto os mensageiros como a mensagem. Como isso se repete na atualidade, é só se levantar alguém com coragem suficiente para denunciar a corrupção da religião, e que como atalaia do Senhor denuncie o afastamento da verdade e aponte com coragem a introdução do mundo nos programas das igrejas modernas, que os líderes reagem como Faraó, e gritam para seus membros: isso é mentira e mentiroso é esse homem.

As Estratégias do Diabo.

Segunda Estratégia: Pesados Fardos.

Satanás, o inimigo de nossa alma, é muito astuto, e um perito em armar-nos ciladas, e com sua astúcia lança mão de qualquer coisa para nos afastar de Cristo. Por essa razão desejamos chamar sua atenção agora, para lembrar de um fato importante:

Fazendo uma leitura atenta de Êxodo 5.15 a 20 descobrimos que os capatazes do povo eram israelitas, isto significa que eram seus próprios irmãos que exigiam do povo a produção da cota diária de tijolos. Os líderes de turma, ou seja, os capatazes, eles eram israelitas que trabalhavam a serviço de Faraó. E descobrimos também que foi Faraó que deu ordens aos capatazes, e exigissem do povo, fazer tijolos, na mesma quantidade de antes, mas com o serviço extra de que o povo deveria agora ajuntar a palha. Esse era um fardo pesado demais para o povo, era trabalho demais, e assim Satanás conseguiu seus propósitos: Depois deste incidente Moisés se lamenta para o Senhor – “Eis que os filhos de Israel não me têm ouvido...” (Êxodo 6.12).

Guardei em meus arquivos uma revista de dezembro de 1994, na qual aparece um artigo de Clay Sterrett que é um dos líderes da Igreja Community Fellowship Church, de Staunton, Virgínia nos Estados Unidos, e leciona na escola Grace Christian School. Nesse artigo ele explica de forma correta esta estratégia do Diabo, de como Satanás usa até líderes da igreja para colocar nos ombros dos fieis fardos pesados de carregar, vejamos o que ele diz:

“Satanás não se importa nem um pouco com os trabalhos da igreja, desde que eles nos mantenham longe de uma comunhão profunda com Jesus. A sociedade atual valoriza muito o indivíduo laborioso e diligente. Por isso temos sentimento de culpa sempre que não estamos correndo de um lado para outro fazendo alguma coisa. Quantas vezes agimos exatamente como Marta, agitada no serviço de casa, sem nunca ter tempo para sentar-se aos pés de Jesus como sua irmã Maria. E o que ela estava fazendo (preparando uma refeição para Jesus) era perfeitamente legítimo. Mas o Senhor afirmou que Maria escolhera a boa parte. (Lucas 10.39-42). Muitos crentes estão precisando aprender a resistir à tentação de se entregar a certas atividades que drenam suas forças espirituais... Alguns pensam que quanto mais movimento fizer, mais realizarão para Deus... A palavra de Deus nega isso, afirmando: “Não, isso não é vida; é atividade... A W, Tozer também comentou essa nossa supervalorização da atividade religiosa. Nesse empenho de realizar a obra do Senhor, muitas vezes, perdemos o Senhor da obra, e ainda por cima deixamos nosso povo esgotado. Muitas dessas atividades que ocupam tanto de nosso tempo são inúteis, e outras simplesmente ridículas. Mas aqueles que gostam de ver todo mundo atuando, irão retrucar: -- Que nada! Isso é bom para promover a comunhão entre os crentes e manter o pessoal unido – Mas o fato é que a maior parte das atividades existentes nas igrejas em geral não contribui em nada para realizar a verdadeira obra de Cristo na terra. Na maioria dos lugares é praticamente impossível conseguir que alguém assista a uma reunião onde a única coisa a acontecer é a comunhão com Deus.

Você está surpreso? Eu também fique surpreso quando descobri que foi Faraó quem mandou aos próprios israelitas para colocar pesado fardo no povo que já sofria como escravos. Os próprios líderes israelitas, seus capatazes, por ordem de Faraó colocando fardos em seu próprio povo. Pelo menos poderiam ter resistido a essa proposta tão humilhante de Faraó.

O mesmo problema e a mesma estratégia do Diabo foi observada por Cristo entre os judeus do primeiro século. O sonho do fundador da Igreja, da Igreja do Novo Testamento era uma Igreja sem os pesados fardos que os judeus da época colocavam no povo. O Salvador, o fundador da Igreja, condenou e criticou duramente os líderes que colocam fardos tão pesados que nem eles mesmos conseguiam carregar.
“Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” Mateus 23.4.
Essa segunda estratégia do diabo acontece dentro do próprio povo, o diabo manda para os líderes sem nenhuma visão espiritual, como capatazes do povo, que coloquem tarefas e mais tarefas, o diabo ordena para encher os ombros dos crentes com programas e programações, um sem fim de trabalhos, que parecem ser de dedicação ao Senhor, mas na realidade não passam de atividades para passar o tempo e transformar a igreja num clube de bons amigos.
Moisés, um idoso líder de oitenta anos e seu irmão Arão de oitenta e três, entenderam a lição, eles viram como Faraó usava das estratégias de Satanás para não libertar o povo, foram lições que Moisés aprendeu. Será que nós vamos aprender? Afinal de contas o sonho é de Cristo, Ele deseja uma Igreja de homens e mulheres, jovens e crianças livres de pesados fardos e que desfrutem da alegria da justificação pela fé. Esse sonho não é meu, é do Senhor da Igreja.
Termino este pequeno livro com uma esperança, gostaria que como semente em boa terra, estas poucas palavras produzam um dia seus frutos, frutos para vida eterna.
Permitida a distribuição desde que respeite a autoria e sem nenhuma modificação do texto.

Se após a leitura deste pequeno livro Deus mudou alguma coisa em sua vida, envie um e-mail para nós, ficaremos gratos de saber que através da leitura destas páginas seu coração agora se move na direção de Deus. Gostaríamos de saber se da mesma forma como Deus ensinou preciosas lições a Moisés, assim também você aprendeu alguma lição.

No amor do Messias – Nosso Senhor Jesus Cristo
Professor Dr. Raúl Ariel Jiménez Cortés.


Cordialmente: Pb. Carlos Antonio Santos de Novais
(Bacharelando em Teologia pela Faculdade El Shadai de Teologia Evangélica -FETEV http://www.faculdadeelshadai.org/)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Didaqué

DIDAQUÉ
Parte I - O Caminho da Vida e o Caminho da Morte


INTRODUÇÃO

Didaqué - A Instrução dos Doze Apóstolos

Instrução do Senhor para as nações segundo os Doze Apóstolos,

O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE

A DIDAQUÊ

Título
Completo: Didaché tou Kuríou dià ton dódeka apostólon tois éthnesin = “Ensino (instrução, doutrina) do Senhor aos gentios através dos doze apóstolos”

Abreviado: “O ensino dos (doze) apóstolos” ou “A didaquê”

Importância:
“Um dos documentos mais fascinantes e ao mesmo tempo mais intrigantes a emergirem da igreja primitiva” (M. W. Holmes).

“Nenhum documento da igreja antiga tem se revelado tão desconcertante para os estudiosos como esse folheto aparentemente inocente” ... “A criança mimada da crítica” (C. C. Richardson).

“É a única evidência contemporânea direta que temos sobre as condições da vida da Igreja no período obscuro entre o Novo Testamento e a organização mais plenamente desenvolvida do 2º século” (M. Staniforth).

“O documento mais importante do período sub-apostólico e a mais antiga fonte de lei eclesiástica que possuímos... Enriqueceu e aprofundou de modo extraordinário o nosso conhecimento dos primórdios da Igreja” (J. Quasten).


Descoberta do manuscrito:
O título do documento era conhecido através de referências em vários escritores antigos.

Em 1873, Filoteos Bryennios, o metropolita grego de Nicomédia, encontrou na biblioteca do mosteiro do Santo Sepulcro (biblioteca do patriarca grego de Jerusalém), em Constantinopla (Istambul), um rolo de manuscritos em grego, datado de 1056, copiado por um escriba chamado Leo.

Tratava-se de 120 folhas de pergaminho contendo a Sinopse de Crisóstomo dos Livros do AT e do NT, a Epístola de Barnabé, as duas epístolas de Clemente, a Didaquê, a Epístola de Maria de Cassobelae a Inácio e a versão longa das cartas de Inácio (12 cartas).

Em 1883, dez anos após a descoberta, Bryennios publicou a Didaquê pela primeira vez, em Constantinopla. Em 1887, o manuscrito (Cod. 54 ou Codex Ierosolymitanus) foi levado para a biblioteca patriarcal de Jerusalém, onde se encontra até hoje.

Existem outras versões antigas da Didaquê: copta, etíope, georgiana e latina.

Testemunhos antigos:
As muitas menções de trechos da Didaquê em escritos da igreja antiga atestam a sua importância. Ela deve ter gozado de ampla circulação por algum tempo, sendo aceita pelo menos por uma parte da igreja como um livro digno de ser lido no culto divino. Clemente de Alexandria a cita uma vez como Escritura (graphé). (Strom. I, 20, 100)

Vários autores acharam necessário destacar que a Didaquê não possuía caráter canônico. Eusébio de Cesaréia refere-se a ela como um dos livros apócrifos ou espúrios (Hist. Ecles., III, 25, 4). Atanásio faz o mesmo, mas declara que ela ainda era usada na instrução catequética (Ep. Fest. 39).

O autor da Didascália (início do terceiro século) conhecia toda a Didaquê. Esta serve de base para o 7º livro das Constituições Apostólicas (Síria, quarto século). Os Dois Caminhos (caps. 1-6) são muito semelhantes aos capítulos 18-20 da Epístola de Barnabé (100-130 AD). É possível que ambos os documentos tenham se baseado em uma fonte comum. Grande parte desse material também aparece na Ordem Eclesiástica Apostólica (quarto século) e na Vida de Schnudi (quinto século).

Partes constitutivas:
O documento tem duas partes distintas:

(a) Os Dois Caminhos (1-6): código de moralidade cristã, apresentando as diferentes virtudes e vícios que constituem, respectivamente, o Caminho da Vida e o Caminho da Morte. Essa seção é uma adaptação de um tratado moral autônomo, provavelmente de origem judaica, que era conhecido e usado em Alexandria. No início do segundo século, esse texto judaico teria sido inserido em um primitivo manual eclesiástico – a Didaquê, recebendo importantes acréscimos cristãos.

(b) Manual eclesiástico (7-16): compêndio de regras que tratam de diversos aspectos da vida da igreja, tais como: batismo, jejum, eucaristia, missionários itinerantes, ministros locais, etc. São esses antigos regulamentos que conferem à Didaquê um interesse e importância singulares, pois refletem a vida de uma primitiva comunidade cristã na Síria (ou no Egito) no final do 1º século. (M. Staniforth)

Johannes Quasten faz uma divisão diferente: (a) instruções litúrgicas: caps. 1-10; (b) regulamentos disciplinares: caps. 11-15; (c) conclusão: a parousia do Senhor e deveres dela decorrentes: cap. 16. A primeira seção é composta de duas partes: regras de moralidade (1-6) e instruções litúrgicas (7-10).

Segundo o mesmo autor, alguns temas importantes do documento são: oração e liturgia, confissão, hierarquia, beneficência, eclesiologia e escatologia. Contém as mais antigas orações eucarísticas conhecidas e a única referência ao batismo por efusão nos dois primeiros séculos. Não faz nenhuma referência ao episcopado monárquico e aos presbíteros.

Roque Frangiotti divide o texto em quatro partes: (a) seção doutrinal ou catequética: caps. 1-6; (b) instruções litúrgicas: caps. 7-10; (c) instruções disciplinares: caps. 11-15; (d) epílogo sobre a segunda vinda de Cristo: cap. 16.

Uma versão latina, intitulada “Doctrina apostolorum” e correspondente à Didaquê 1-6 (sem 1.3b-2.1), apóia-se no texto grego de uma doutrina judaica tardia dos dois caminhos. Essa doutrina destinava-se à instrução moral de gentios desejosos de aderir à sinagoga como “tementes a Deus”. O escrito era intitulado “Didaché Kuríou tois éthnesin”. Pela inserção das palavras “diá ton dódeka apostólon” no título e pela interpolação de 1.3b-2.1, a doutrina recebeu um caráter cristão. (Altaner e Stuiber)

Autoria e data:
Autor: um ministro sagrado de idade avançada, formado na escola de Tiago, o Menor, que teria imigrado para a Síria por ocasião da guerra civil (R. Frangiotti). O documento teria sido colocado na forma presente no máximo até 150, embora pareça provável uma data mais próxima do final do primeiro século.

Evidências de antiguidade
* O título “servo de Deus” aplicado a Jesus.
* A simplicidade litúrgica e das orações.
* As orações eucarísticas apontam para um período em que a Ceia do Senhor era ainda uma ceia.
* O batismo em água corrente.
* Preocupação em distinguir as práticas cristãs dos rituais judaicos (8.1).
* Ausência de preocupação com um credo universal.
* Nenhuma referência aos livros do Novo Testamento.
* Nenhuma referência ao episcopado monárquico.
* Ênfase aos ofícios carismáticos e itinerantes: apóstolos e profetas.
* Dupla estrutura de bispos e diáconos (ver Fp 1.1).
* Outros temas ausentes: virgindade, tendências gnósticas e antignósticas.

Composição
C. Richardson entende que o “didaquista” foi mais um compilador do que um autor. Ou seja, ele não escreveu a Didaquê, mas reuniu dois documentos pré-existentes, fazendo algumas adaptações. Ele provavelmente compôs o capítulo final (16).

Os Dois Caminhos (caps. 1-5) representariam uma forma tardia de um catecismo original no qual o didaquista inseriu em bloco alguns ensinos tipicamente cristãos. Tais ensinos revelam um conhecimento de Mateus e Lucas, e também do Pastor de Hermas (1.5 = Man. 2.4-6) e da Epístola de Barnabé (16.2 = Barn. 4.9).

O manual de ordem eclesiástica (caps. 6-15) refletiria o período sub-apostólico nas igrejas rurais da Síria. Evidências: (a) é claramente dependente do evangelho de Mateus, que provavelmente se originou na Síria; (b) as orações eucarísticas refletem uma região em que o trigo é semeado nas colinas (9.4); (c) a seção batismal pressupõe uma região em que existem termas (7.2); (d) os profetas e mestres lembram a situação de Antioquia (Atos 13.1). A imagem que se obtém dessa fonte é de comunidades rurais que recebem periodicamente a visita dos líderes de algum centro cristão.

A Didaquê propriamente dita deve ter sido composta em Alexandria. Evidências: (a) os Dois Caminhos circulavam ali, pois a Epístola de Barnabé e a Ordem Eclesiástica Apostólica procedem daquela localidade; (b) é possível que Clemente de Alexandria conhecesse a Didaquê; (c) o documento revela uma atitude liberal em relação ao cânon do NT, aparentemente incluindo Barnabé e Hermas, o que aponta para Alexandria; (d) até o quarto século a Didaquê era altamente valorizada no Egito, sendo quase considerada canônica, e foi mencionada por Atanásio como adequada para a instrução catequética.

CAPÍTULO I


1Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois.
2Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.
3Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
4Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.
5Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será intgerrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.
6Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.

CAPÍTULO II


1O segundo mandamento da instrução é:
2Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.
3Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.
4Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.
5A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
6Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
7Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.

CAPÍTULO III


1Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.
2Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.
3Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.
4Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.
5Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.
6Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.
7Seja manso pois os mansos herdarão a terra.
8Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.
9Não louve a si mesmo, nem se entrege à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.
10Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.

CAPÍTULO IV


1Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada.
2Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.
3Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.
4Não hesite sobre o que vai acontecer.
5Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.
6Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.
7Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa.
8Não rejeite o necessitado. Compartilhe tudo com seu irmão e não diga que as coisas são apenas suas. Se vocês estão unidos nas coisas imortais, tanto mais estarão nas coisas perecíveis.
9Não se descuide de seu filho ou filha. Muito pelo contrário, desde a infância instrua-os a temer a Deus.
10Não dê ordens com rudeza ao seu escravo ou escrava pois eles também esperam no mesmo Deus que você; assim, não perderão o temor de Deus, que está acima de todos. Certamente Ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas somente aqueles que foram preparados pelo Espírito.
11Quanto a vocês, escravos, obedeçam aos seus senhores, com todo o respeito e reverência, como à própria imagem de Deus.
12Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.
13Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.
14Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência. Este é o caminho da vida.

CAPÍTULO V


1Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições - homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.
2Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadoresconsumados. Filho, afaste-se disso tudo.

CAPÍTULO VI


1Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus.
2Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder.
3A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é destinado a deuses mortos.

DIDAQUÉ
Parte II - A Celebração Litúrgica

A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA

CAPÍTULO VII


1Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
2Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente.
3Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
4Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.

CAPÍTULO VIII


1Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.
2Não reze como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Reze assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão-nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".
3Rezem assim três vezes ao dia.

CAPÍTULO IX


1Celebre a Eucaristia assim:
2Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".
3Depois diga sobre o pão partido:
"Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
4Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre"
.
5Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".

CAPÍTULO X


1Após ser saciado, agradeça assim:
2
"Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
3Tu, Senhor onipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo.
4Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.
5Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.
6Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém."

7Deixe os profetas agradecerem à vontade.

DIDAQUÉ
Parte III - A Vida em Comunidade

A VIDA EM COMUNIDADE

CAPÍTULO XI


1Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.
2Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.
4Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.
5Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.
6Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.
7Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
8Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
9Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.
10Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
11Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.
12Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.

CAPÍTULO XII


1Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.
2Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.
3Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.
4Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.
5Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!

CAPÍTULO XIII


1Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.
2Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.
3Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.
4Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.
5Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
7Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.

CAPÍTULO XIV


1Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.
2Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
3Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações".

CAPÍTULO XV


1Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
2Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.
3Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido.
4Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.

DIDAQUÉ
Parte IV - O Fim dos Tempos

O FIM DOS TEMPOS

CAPÍTULO XVI


1Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.
2Reúna-se com frequência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.
3De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.
4Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.
5Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.
6Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos.
7Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele".
8Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.



Bibliografia
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EUSÉBIO DE CESARÉIA. História eclesiástica. Trad. Wolfgang Fischer. São Paulo: Novo Século, 1999.

FRANGIOTTI, Roque (Ed.). Padres Apostólicos. Trad. Ivo Storniolo e Euclides M. Balancin. Coleção Patrística, Vol. 1. São Paulo: Paulus, 1995.

HITCHCOCK, Roswell e BROWN, Francis (Eds.). Teaching of the Twelve Apostles: recently discovered and published by Philotheos Bryennios, metropolitan of Nicomedia. New York: Charles Scribner’s, 1884.

HOLMES, Michael W. (Ed.). The apostolic fathers: Greek texts and English translations. Grand Rapids: Baker, 1999.

LAKE, Kirsopp (Ed.). The apostolic fathers. Vol. I. London: William Heinemann; New York: Macmillan, 1912.

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STANIFORTH, Maxwell (Ed.). Early Christian writings: the apostolic fathers. New York: Barnes & Noble, 1993.

sábado, 5 de julho de 2008

Os Dízimos Ainda estão em Vigor?

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem medida.” Ml 3.10, 11 e 12
O Dízimo foi instituído por Deus aos judeus que viviam sob o domínio da Lei. É certo que o Senhor Jesus reconhecia a autoridade desta Lei, era judeu e nascido sob a Lei ("Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei," Gl 4.4), com a missão de cumpri-la ("Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra." Mt 5.17,18). Jesus não determinou de forma direta que o dízimo seria uma obrigação aos participantes da Nova Aliança.
a) Na Bíblia vemos que o primeiro a dar o dízimo foi Abraão"E de tudo lhe deu Abrão o dízimo." Gn 14.20Abraão ao regressar da vitória sobre os reis inimigos, deu a Melquisedeque, sacerdote de Deus e rei de Salém, o dízimo de tudo que possuía e despojos da vitória.b) Jacó movido a dar o dízimo:"...de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo." Gn 28.22
c) O dízimo é instituído pela Lei Mosaica."A décima parte das colheitas, tanto dos cereais como das frutas, pertence a Deus, o SENHOR, e será dada a ele." Lv 27.30 e "Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo." Dt 14.22Os dízimos deveriam ser postos nas mãos dos Levitas, em posse pelo ministério que eles serviam no tabernáculo do concerto, como recompensa por não terem parte na herança da terra.O Novo Testamento não faz profundas referências a respeito do tema, mas, movidos pelo Espírito Santo, compreendemos que é bom e agradável ofertarmos a Deus.
Paulo escrevendo às igrejas ensina que deveriam fazer coletas, nas quais os servos dariam segundo a sua prosperidade ("Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for." 1Co 16.1-2). Uma ação de amor, generosidade e alegria ("E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre." 2Co 9.6-9). Não havia uma definição de quantidade (10%), as ofertas eram segundo as posses da cada um. Este é o mesmo entendimento para o dízimo hoje, uma doação à igreja de ofertas agradáveis, que devem ser usadas na manutenção do templo, missões, meios de comunicações, mas, principalmente no auxilio aos irmãos mais carentes, ligados ou não à denominação; afinal, no Reino não há denominações. É inaceitável que as igrejas guardem o dinheiro do Senhor (poupança e aplicações diversas) enquanto há tantos irmãos necessitados de um auxilio financeiro. Usa-se como parâmetro a décima parte, no entanto, não é uma obrigação metódica.
Infelizmente esta questão é uma tema desgastado, geralmente visto pelos não cristãos como um meio de explorar a fé dos mais simples. É lamentável que muitas igrejas realmente agem assim explorando à boa fé de seus membros com promessas de recompensas extraordinárias para aqueles que darem ou pagarem como preferem alguns os seus dízimos.Paulo escreveu uma carta ao povo de Corinto, na qual diz:“O homem natural não aceita as cousas do Espírito... pois lhe é loucura; e jamais pode entendê-las.” 1Co 2.14
Dentro das igrejas há muitos que por diversos motivos não aceitam a idéia de reservar uma parte de seus ganhos para o Senhor.Os questionamentos variam do lógico ao absurdo. Por exemplo:. Deus não precisa de dinheiro!. Deus é dono de tudo!. Não vou encher a barriga de pastor!. Ganho pouco, e sou pobre!. Não sobra para o dízimo!. Tenho escola, e muitas despesas!. Isto é para os ricos!. e diversas outras desculpas.
Era a respeito desses que Paulo escrevia, são homens que ainda não entregaram verdadeiramente suas vidas nas mãos do Senhor, vivem uma vida normal, natural e não conseguem enxergar com os olhos do Espírito a vontade de Deus para a vida de seus escolhidos.Jesus literalmente afirma: “ Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Lc 14.33
Esta é a principal condição exigida aos servos, a renúncia. Deixar todas as coisas para trás, princípios, pensamentos, pontos de vistas, conhecimentos, sabedoria.Ser apenas vasos abertos e prontos para serem cheios. Quando isto acontece, os questionamentos deixam de existir, pois o que importa verdadeiramente é obedecer, fazer a vontade do Pai.
Em relação aos Dízimos, esta deve ser a posição do Servo, entregar o que é devido, deixando em segundo plano a preocupação com o destino que será dado a este dinheiro.
Dar Voluntariamente "...vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao SENHOR." Lv 23.38O dizimar era uma obrigação de cada israelita, mas, o desejo de ofertar deveria nascer no interior do coração, marcado por gratidão e alegria, uma ação voluntária, através da qual o Eterno era adorado. Vida Santa, uma condição"Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta." Mt 5.23,24A Santidade é uma condição especial, ela gera comunhão e intimidade com o Pai. Antes de trazermos as nossas ofertas ao Senhor, é necessário fazermos um "balanço" e confessarmos pecados e acertarmos todas situações que destoam da vontade de Deus.
Uma Gratidão."Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo; invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás." Sl 50.14,15Ação de dizimar/ofertar é uma demonstração que reconhecemos a soberania de Deus e o cuidado que Ele tem para conosco, abençoando-nos no cotidiano em todos os aspectos de nossa existência.
OS FIÉIS SERÃO ABENÇOADOS!
A) Para que haja mantimento.Quando há fidelidade nos dízimos, jamais faltará na casa do Senhor meios para que a obra prossiga e muitos sejam alcançados pela palavra. Restaurados e alimentados. É dever ainda da igreja estender as mãos aos necessitados do reino, estes o Senhor diz que sempre hão de haver.B) Derramarei Bênçãos sem Medidas.A nossa visão inicial de tudo deve ser espiritual, esta é a visão que verdadeiramente nos interessa. Neste caso, as bênçãos as quais o Senhor refere-se provavelmente não são riquezas materiais, como muitos tem prometido; sim, o crescimento espiritual. Lembre-se:"Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo." Lc 14.33C) Vossa vide não será estéril.Existe a benção de prosperidade prometida aos fieis. Deve-se esperá-la, jamais buscá-la. Pois há tempo para todas as coisas, e o Senhor conhece as necessidades de cada um. A preocupação deve estar em conservar uma vida santa, reta e justa diante de Deus.
D) As Nações vos chamarão de felizes.Como é bom encontrar um servo fiel, sempre feliz, um rosto formoso que resplandece a paz de Cristo, mesmo em meio às muitas lutas e dificuldades. São estes os fieis do Senhor, que triunfam e voam como águias (Is 40.31) acima de todas as dificuldades.

Sedes fieis ao Senhor nos Dízimos e Ofertas e verão a sua glória.

Elias R. de Oliveira

Obs: "O Título desta Postagem e a figura é um acrescímo meu"