A CEIA DO SENHOR
Mt 26:17-30; Mc 14:12-26; Lc 22:7-23 e 1ª Co 11:23-29
Em Atos 2:46 fala sobre “o partir do pão” que servia á um duplo objetivo: era vínculo de comunhão (1ªCo 10:16) e meio de sustento para os mais necessitados. Em seu seio, o sustento dos menos favorecidos era feito mediante as ofertas dos mais “privilegiados” , de sorte que “todos tinham tudo em comum” (At. 2:44). Mas o “partir do pão” era muito mais que isso, era um memorial e uma continuação da última Ceia do Senhor Jesus com os seus discípulos, antes de sua crucificação (1ª Co 11:23).
Paulo, atribuíra grande valor á Ceia do Senhor, que era para ele “COMUNHÃO” do Corpo e do Sangue de Cristo, mediante o qual “anunciais a morte do Senhor, até que ele (Cristo) venha.
Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos (João 6:53), A Ceia do Senhor, torna-se aqui, um sacramento místico necessário á união com o Cristo Ressurreto, que produz uma imortabilidade bem-aventurada. Inácio de Antioquia, condenado por ser cristão, nos últimos anos do reinado de Trajano (110-117), foi mandado como prisioneiro para Roma, para ser lançado ás feras, escreveu várias cartas breves, além de uma mensagem pessoal á Policarpo, Bispo de Esmirna. Inácio asseverava que a união com Cristo é necessário á vida: “fora do qual não podemos ter a vida verdadeira”, vida, não significa para esse escritor, simples existência... “ os pontos de vista que apresenta são de índole Paulina, embora desenvolvidos no sentido de um misticismo muito mais intenso, cujo ponto focal é a idéia da vida e da união com Cristo, os ofícios eram celebrados no domingo e, provavelmente, também em outros dias, eram de dois tipos, desde os tempos dos apóstolos: reuniões pára a leitura das Escrituras, pregação, hinos e orações; e uma refeição comunitária á noite, associada á Ceia do Senhor. Ao tempo que Justino Mártir escreveu sua apologia em Roma (153), a refeição tinha desaparecido e a Ceia tinha sido unida a reunião de pregação, na forma de sacramento final. A Ceia era a ocasião em que se faziam ofertas para os necessitados, segundo Justino a Mártir (153), que também declarou que a Ceia do Senhor já havia sido separado da refeição comunitária.
O propósito -- “Fazei isto em memória de mim...” Lc 19.22.
A Ceia do Senhor é a nossa oportunidade para lembrar o sacrifício que Jesus fez na cruz, pelo qual nos oferece a esperança da vida eterna.
Os símbolos - Jesus usou dois símbolos para representar seu corpo e seu sangue, isto é, pão sem fermento (fermento para alguns teólogos, é símbolo de falsas doutrinas e de pecado Mt. 16:11-12;), para representar o seu corpo e o fruto da videira (suco de uva recém tirada e não vinho fermentado, como advogam alguns) para representar o seu sangue que estava para ser derramado na cruz do calvário Mt. 26:28. Os discípulos se reuniam no primeiro dia da semana (domingo) para participarem da ceia (Atos 20.7), e esta Ceia era entendida como um ato de comunhão com o Senhor (1º Co 10:14-22). A ceia do Senhor é um ato de comunhão entre cada cristão e o Senhor, e é também um ato de comunhão entre os cristãos , a ceia é um ato espiritual partilhado pelo Senhor com aqueles que estão em fraternidade com ele. Jesus não ofereceu o pão e o cálice á todos, mas somente aos seus discípulos conforme Mt. 26:28.1º (derramado por muitos, não todos, pois nem todos aceitam o sacrifício de Jesus) João conta-nos que somos, ou estamos aptos a participar com Deus na comunhão espiritual somente se andarmos na luz do seu caminho 1º João 1:5-7
O QUE SIGNIFICA PARTICIPAR “indignamente” DO CORPO DO SENHOR? 1º Co 11:27-29
A palavra “indignamente” é frequentemente mal entendida, ela não descreve a dignidade da pessoa (ninguém é verdadeiramente digno de comunhão com Cristo), esta palavra descreve o modo de como participamos desse ato de comunhão, sobre este assunto, o apóstolo Paulo não nos dá em 1º coríntios 11:27
nenhuma definição “direta” do que vem a ser comer indignamente... analisando o contexto, ele queria dizer que a decência comum deveria ser observada, ou seja, não pode haver entre os cristão, qualquer desordem de glutonaria, de embriaguez, egoísmo, de degradação a outros, de contendas etc. Aqui , não é o adjetivo indignos de que fala o texto, mas, sim do advérbio indignamente.
A ceia é um rito memorial, ele anuncia a morte vicária de Cristo, que nos livra da escravidão do pecado, a ceia contém ainda o elemento esperança... Pois aponta para a volta de Cristo (ver-se aqui uma mensagem escatológica), de maneira que a participação indigna se torna uma irreverência para com o sacrifício de Cristo, levando o infrator a sofrer as penas de seu descuidado espiritual, 1º Co 11:27-30. Há uma recomendação impressionante a respeito da participação na ceia do Senhor: “Por isso, aquele que comer o pão e beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor” 1º Co 11:27.
Notai: Mais uma vez que o texto não diz indignos (pois todos nós somos indignos da comunhão da cruz, mas sucedeu que a nossa indignidade foi curada mediante a fé no sacrifício da cruz.
A ceia do Senhor é um ato memorial daquela que será realizada nas bodas do cordeiro, referido em Apocalipse, só participarão aqueles que estão em comunhão com o cordeiro de Deus, ou seja, aqueles que forem salvos, pois só irão aos céus aqueles que realmente forem salvos.
Nota. “o comer indignamente (penso eu) é correspondente ao que aconteceu com Judas Iscariortes, trair Jesus, vendendo-o por trinta (30) moedas de prata, aquele que comer indignamente, faz o mesmo, trai a Jesus por tão pouco...”
Na ceia do Senhor deve se fazer distinção entre o símbolo e a verdade simbolizada, o símbolo é
a santa ceia e a verdade por ela simbolizada é a morte de Cristo pelos nossos pecados. Deve – se ter em mente que: toda irreverência, em torno dessa cerimônia, é uma ofensa contra a IGREJA que a celebra ,” ou
menosprezais a IGREJA de Deus” 1º Co 11:22. O apóstolo Paulo recebeu do Senhor esta revelação sobre o memorial da morte de Cristo e ele (Cristo), não a entregou a algum indivíduo, ou a uma classe de pessoas privilegiadas, mas entregou á IGREJA de Cristo Jesus, a ceia do Senhor é ainda uma pregação apocalíptica e escatológica... “até que ele (Jesus) venha, a ceia anuncia que Cristo vem nos buscar, ou seja, buscar a sua Igreja sem mácula ou manchas.
O PROPÓSITO BÍBLICO
As instruções de Paulo em 1º Corintios 11 aclaram ainda mais este tema: “...Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim...” (Co.11:23-24). Quando Jesus disse: “...Tomai e comei isto é o meu corpo...”, Ele não estava dando a entender que comeriam seu corpo literal (Conforme à letra (5) do texto: 2 Exato, rigoroso, restrito: 3.Claro, expresso, formal). E sugerir esta idéia é ridículo. Ele estava falando no sentido espiritual daquilo que logo se cumpriria na cruz.
Notemos como finaliza este versículo: “...fazei isto em memória de mim...”. a observação da Santa Ceia é uma comemoração da obra de Cristo no Calvário, não uma nova realização deste feito. O mesmo devemos dizer sobre o sangue de Cristo. “...Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim...” (1Co. 11:25).
Jesus mesmo ensinou esta lição aos seus Discípulos na Ultima Ceia .
“...E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim...” (Lc.22:19).
Posto que a transubstanciação é outra Heresia católica que não esta apoiada pela Bíblia, porem que foi creditadas por homens, trago aos leitores algumas perguntas que esperam ansiosamente por respostas:
I. Porque a Igreja católica Romana e as demais Igrejas que se chamam “evangélicas” e ainda “do Nome”, deliberadamente separam um versículo bíblico de seu contexto e desenvolvem uma doutrina que a Bíblia obviamente não ensina?
II. Porque a Igreja Católica e as “pseudo-igrejas”, preferem que você coma a Cristo em lugar de por sua fé nele?
III. Mais importante ainda será que você pode conscientemente tomar parte desta pratica agora e simplesmente afirmar este é um problema deles?
IV. Sabia você que o satanismo pratica este ato de comer carne humana?
V. Esta disposto você ainda a simplesmente ser um religioso e morrer e ir ao inferno, praticando heresias?
VI. Quanto vale sua família para você? O preço de uma heresia é a morte e o inferno.
E para concluirmos este tema podemos claramente afirmar, que os que praticam tais coisas não herdarão o reino de Deus. (Gl. 5:19-21).
Algumas outras idéias sobre a ceia do Senhor.
1 – É a reunião cristã que tem por maior finalidade refletir, promover e praticar a “Koinonia = comunhão” (Atos 4.32; 1º Co 1.9).
João Calvino condenou a missa do Catolicismo Romano em termos em nada ambíguos. "De todos os ídolos, ele não conhecia nenhum tão grotesco como aquele no qual o sacerdote evocava Cristo em suas mãos pela ‘enunciação mágica’ e oferecia-o novamente no altar do sacrifício, enquanto o povo olhava com ‘admiração estúpida’."2 Calvino formulou suas idéias sobre adoração (liturgia) baseando-as sobre a clara garantia da Escritura e apelando ao costume invariável da igreja primitiva.3 O reformador concluiu: "Não se fazia nenhuma reunião da Igreja, sem a Palavra, as orações, a participação da Ceia e as esmolas."4
Os primeiros esforços de Calvino na reforma da adoração da igreja apareceram na edição de suas Institutas de 1536:
Deixando, pois, de lado todo este sem fim de cerimônias e de pompas, a Santa Ceia bem que podia ser administrada santamente, se com freqüência, ou pelo menos uma vez por semana, se propusesse à Igreja como segue: no início se faria orações públicas; a seguir viria o sermão; então, postos na mesa pão e vinho, o ministro repetiria as palavras da instituição da Ceia; depois, reiteraria as promessas que nos foram nela anexadas; ao mesmo tempo, vedaria à comunhão todos aqueles que são dela barrados pelo interdito do Senhor; após isto, se oraria para que o Senhor, pela benignidade com que nos prodigalizou este alimento sagrado, também nos receba em fé e gratidão de alma, nos instruindo e preparando; e, uma vez que por nós mesmos não somos dignos, por sua misericórdia aprouve nos dignificar para tal repasto.
Aqui, porém, ou se cantariam salmos ou se leria parte da Escritura, e, na ordem que convém, os fiéis participariam do sacrossanto banquete, os ministros partindo o pão e oferecendo-o ao povo. Terminada a Ceia, se faria uma exortação à fé sincera e à sincera confissão dessa fé, ao amor cristão e ao comportamento digno de cristãos. Por fim, se daria ação de graças e se entoariam louvores a Deus; findos os quais, a congregação seria despedida em paz.5
Calvino nunca se desviou dessas idéias, mas somente as expandiu na edição final das Institutas. Observe que Calvino insistia sobre a celebração freqüente da ceia do Senhor. Ele queria que a mesma fosse celebrada todo Dia do Senhor [Domingo]. Durante o primeiro pastorado de Calvino em Genebra, ele e Farel propuseram num documento intitulado "Artigos Concernentes à Organização da Igreja e da Adoração em Genebra" que a igreja seria edificada por dois meios especialmente, a celebração freqüente da ceia do Senhor e o exercício da disciplina. Por causa da "debilidade do povo", os Reformadores resolveram realizar a comunhão mensalmente. Mais tarde, em 1541, quando Calvino retornou à Genebra, ele tentou introduzir a liturgia que usou em Estrasburgo. Calvino tentou novamente introduzir uma comunhão semanal, crendo que não "havia nada mais útil para a igreja que a Ceia do Senhor. Deus mesmo, Calvino cria, uniu a ceia com a sua palavra e, portanto, era algo perigoso separá-las." O concílio de Genebra, para desalento de Calvino, insistiu numa celebração trimestral da ceia do Senhor. Calvino continuou a expressar sua insatisfação, declarando mais tarde, em 1561: "Nosso costume é falho."6
Como é evidente a partir de sua declaração nas Institutas de 1536, a liturgia da comunhão de Calvino continha quatro elementos fundamentais. Esses elementos, o leitor Protestante Reformado7 reconhecerá, foram retidos intactos na Forma para a Administração da Ceia do Senhor.8 9 Eles são: repetição da instituição do Senhor como a garantia do sacramento; proclamação das promessas do Senhor que se relacionam com a sua ordenança e suprem significado e realidade aos seus sinais; excomunhão dos pecadores obstinados; e ênfase sobre a participação digna do sacramento e santidade de vida.
Com algumas exceções, somente os Salmos eram cantados, e isso sem acompanhamento instrumental. Concernente aos instrumentos, Calvino cria que "eles faziam parte daquele sistema de treinamento sob a lei, ao qual a Igreja esteve sujeita em sua infância," e, "não deveríamos imitar de maneira tola uma prática que foi planejada apenas para o povo antigo de Deus."10 Aliás, somos gratos que a visão de Calvino sobre esse assunto não tenha prevalecido na tradição Reformada Holandesa.
A ordem da adoração de Calvino começava com o ministro falando as majestosas palavras: "O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra. Amém". Isso era seguido por uma oração de confissão. Essa era uma breve oração (escrita) lida pelo ministro enquanto a congregação estava de joelhos.11 Após isso, o ministro leria algumas promessas escriturísticas de perdão, e logo após pronunciaria a absolvição,
Que cada um de vocês reconheça-se verdadeiramente um pecador, humilhando-se diante de Deus, e crendo que o Pai celestial deseja ser gracioso para contigo em Jesus Cristo. A todos que dessa forma se arrependem e buscam a Jesus Cristo para sua salvação, declaro a absolvição em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.12
A absolvição não era usada em Genebra. Após a confissão de pecado, a congregação cantava os Dez Mandamentos como um guia para a obediência grata do cristão perdoado.
Durante o cântico, o ministro deixava a mesa e ia para o púlpito. Ali se preparava para a leitura da Escritura e a pregação, oferecendo uma oração por iluminação. Essa e a oração de aplicação após o sermão eram as únicas orações "livres" na liturgia de Calvino. Todas as outras orações eram orações escritas. E, mesmo para essas duas orações livres, Calvino oferecia aos ministros vários modelos. Após a oração de aplicação, o ministro oferecia a oração congregacional. Essa oração era concluída com a oração do Senhor, que em algumas congregações era cantada pela congregação.
Então, a congregação se levantava para cantar o Credo Apostólico. Nesse ponto a congregação era despedida com a bênção de Aarão, baseada em Números 6:24-26: "O SENHOR te abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz," e com uma palavra sobre esmolas: "Lembre-se de Jesus Cristo em seus pequeninos."13 14
Em Genebra, nos quatro Domingos quando a ceia do Senhor era celebrada, a mesma ocorria após o sermão. Quando a ceia do Senhor terminava, e antes da bênção ser pronunciada, a congregação cantava o cântico de Simeão: "Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo … porque os meus olhos já viram a tua salvação" (Lucas 2:29-30).15
Os princípios de liturgia de Calvino e a essência de sua ordem de adoração permanecem em uso para os membros das Igrejas Protestantes Reformadas. Existem algumas diferenças nos cultos. Por exemplo, não nos ajoelhamos para orar, não cantamos o Credo Apostólico nem os Dez Mandamentos, não cantamos o cântico de Simeão após a ceia do Senhor, nem temos uma pronúncia de absolvição à congregação; além disso, temos algumas orações formadas, mas não tantas quanto Calvino, e usamos acompanhamento instrumental no cântico dos Salmos. E certamente as Igrejas Protestantes Reformadas, com Calvino, fazem todo esforço para basear a adoração na "clara garantia da Escritura", apelando ao invariável "costume da igreja primitiva."16
Possa Deus nos conceder graça para continuar assim, a fim de adorarmos aquele que é Espírito, "em espírito e em verdade" (João 4:24).
Fonte: The Sixteenth-Century Reformation of the Church, David Engelsma (editor), pp. 149-152.
Bp. Carlos Antonio Santos de Novais
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